Entre as frases mais
conhecidas de Sartre está a que diz que “o homem está condenado a ser livre”.
Para este filosofo só o egoísmo nos explica. Não o egoísmo de Adam Smith, mas
talvez se aproximasse do egoísmo hobesiano não houvesse uma distinção clara
entre indivíduo e Estado respectivamente.
É através de uma necessidade egoísta que temos
a obrigação de escolher “ou não” (que também é uma escolha, isto é, escolho não
escolher). É ai que nasce sua certeza de que existe liberdade na ação do homem
independente do seu tipo de escolha: se ação ou inação.
Segundo seu pensamento o
poder da decisão não é determinado pelas circunstâncias. Se assim fosse teríamos
de imaginar que um mundo perfeito deveria existir com circunstancias
estritamente agradáveis e imutáveis. Isso é impossível por ser um antimundo, um
mundo da ideia, um mundo ilusório.
Sua crítica existencialista
o obriga a defender a inexistência do divino sobre o homem. Pensamento este que
o aproxima de Feuerbach no sentido de dizer que homem inventou a deus e não
deus ao homem. Sartre vai mais adiante: Em sua proposta aponta que somente a
existência e capaz de gerar um estado de coisas. Imaginamos que queira dizer
com isso que somente um contexto criado através das relações sociais seja capaz
de criar, modificar ou se destruir as coisas. Sejam o que forem metafísicas ou
não. De outra maneira podemos dizer que Deus é uma ideia, uma instituição
projetada pelo homem.
Se couber ao homem decidir
sobre fazer ou não fazer o mundo dado através das instituições culturais “são”
uma apenas uma imposição do “fazer” instituído negando o não “ser” em nome de
outras instituições do pensamento que priorizam um tipo de essência existencial
dum modo de “ser”. Então a decisão está no “ser” e como este pretende como lhe
suceda sua existência através de sua escolha.
Para o nada ou niilismo vai
de encontro às verdades estabelecidas pela Igreja que prima por sociedade sem manchas,
sem nódoas, livre de ideias que perturbem está pretensão de paz. Neste sentido
seu ateísmo fere objetivamente um ramo petrificado em vários setores e classes
de todas as sociedades: além das religiões, obviamente, também as instituições
camufladas com a máscara do Estado.
Como em qualquer sociedade
europeia a França em tempos não muito distante também fazia parte dos conchavos
da Igreja com seus dirigentes, ou seja, até a formação dos Estados laicos em
todo o mundo. Em outros termos todas as sociedades sobrevivem da exploração da
fé em “algo” e não haveria de ser diferente na França. Verdade é que sua
importância para esta sociedade não o livrou de críticas duras e da proibição
de seus livros na lista da Igreja católica para seus fieis.
O mundo sartriano é o mundo
da matéria, do palpável, do empirismo. Sua resposta às críticas destes setores
foi em pronunciar que “o existencialismo é um humanismo”. Esta definição é
muito ampla para os que aceitam sua teoria porque nela temos a possibilidade de
defender toda ação (ação como causa existencial) humana que esteja voltada para
uma nova forma de existir no sentido material e de melhoramento desta
humanidade individualizada.
Da mesma forma que o sujeito
de Sartriano não pode se ressentir de um mundo com obrigação de escolhas.
Sartre não impõe a necessidade de que Deus não exista. Quando assim diz nos faz
pensar que Deus é também uma circunstância assim como o Diabo também pode ser.
A alternativa para religião e transferir a realidade para um plano fora do
homem na ideia de bem e mal, tornar mítica e menos dolorosa a vida dos homens.
A solução em Sartre é entender a realidade fundada no sujeito da ação. A lenda
serve para esta ou aquela idade até que se alcance a idade da razão.
Sartre nos pôs entre “nada e
o nada”, “ir e ficar”, “escolher e não escolher”. Diferentemente das
instituições da fé que nos obriga a optar entre Deus e o Diabo.
A filosofia de Sartre não é
nova, mas sua firmeza e as circunstancias que determinaram sua escolha o
tornaram de grande importância para o mundo contemporâneo. Em resposta a esta
frase ele diria que as circunstâncias não determinam as ações, mas que o
sujeito seja detentor das circunstâncias na proporção que toma diferentes ações
como medida de decisão, porém como a filosofia é uma porta aberta para qualquer
hipótese não conseguiremos entender de fato se o certo é aceitar as
circunstâncias como formadora do pensamento ou entender o pensamento como
formador das circunstancias.
O que sabemos e podemos
compreender com facilidade é que se a circunstância possibilitar liberdade e “não
dor” esta é a opção primeira de qualquer indivíduo. Desta forma caracterizamos
o egoísmo no sentido que Sartre da à liberdade e notado por uma forma até
simplista caso não analisarmos Sartre, além disso, mas não esqueçamos que não há limites para o pensamento: somente quando o impomos a uma forma ideológica qualquer...
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