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A pedagogia da existência e a pedagogia da essência.

Resenha:

A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. 
A pedagogia da existência e a pedagogia da essência. 
(Bogdan Suchodolski)

É apontado como espectro fundamental da questão dos entendimentos pedagógicos, isto é, a linha inicialmente escolhida delimita o campo interpretativo indicador da realidade pretendida para a área em questão.

Pedagogia de Platão e pedagogia Cristã

A diferenciação do mundo da “ideia perfeita” e do “mundo das sombras” não é exógena ao ser, mas imanência diante das buscas e realizações.
A busca da realidade ideal funda a pedagogia da essência ou como dizem: sua essência verdadeira.
Para Platão o conhecimento vem das “reminiscências observadas no mundo da ideia perfeita”.
A pedagogia cristã reformulou este pensamento rompendo com o empirismo apoiando-se na ideia de um mundo ulterior e adequado a vida do espirito.
Ainda sob influência da filosofia o cristianismo se apega a propósitos peripatéticos no conjunto antinômico matéria – forma aceitando a especificidade elencada por Aristóteles quando diz que a forma do homem é o pensamento.
Bogdan aponta que Tomas de Aquino, assim como Aristóteles, rejeita pontos extremos no conceito da pedagogia da essência. No entanto, podemos perceber estes movimentos como elementos adaptativos, ou seja, a forma ativa opera sobre a matéria provando-a variável.
O inatismo não consta na pedagogia da essência, porém a causa que determina o movimento interrelacional encontra-se na palavra divina e tudo se deve a “ela”.
A pedagogia da essência dá dois passos adiante e três para trás quando prende o conhecimento empírico e o determina sob licença dogmática (que é sempre uma ideia perfeita). Aponta falhas do homem corrupto e corruptor, mas não rompe com as instituições que corrompem o homem. Ao contrário. Quando viável apodera-se dela mantendo seu anonimato.

Conflito

No renascimento surge a ebulição, as questões que nortearam o homem a estágios avançados na forma. Podemos então perguntar se a forma petrificou-se por 1600 anos? Obvio que não. O êxtase da Igreja indicava a negação de ideias latentes, logicamente, contrárias a seus preceitos graciosos. O germe torna-se ao sol e vira cinzas para santificar-se.
Não existe um lugar comum às ideias que não estejam genuflexas a Igreja naqueles longos séculos. O dogma aponta o caminho na comunicação de uma necessidade e tudo fica resumida ao que diz as “escrituras”.
Bogdan coloca que no renascimento os conflitos filosóficos e ideários indicam que o “passado perdia seu caráter de Reino em que se realizavam as ideias absolutas e imutáveis”. Este fato histórico indica a origem do vício atual de sermos avessos a determinada questão e no ano seguinte nos referirmos a esta com saudosismo. Ou seja, o passados ainda é o reino do acontecimento perfeito, não só da ideia perfeita. Tal elemento corrobora a mutabilidade humana, a insatisfação permanente e a incapacidade de reflexão uníssona em relação aos ideais (sejam quais forem).
Ainda durante o renascimento a Igreja tentou reformular suas teorias educativas, contudo questionamentos gerais não permitiram a uniformização das práxis; sendo o ponto de vista de partida para novas teorias tardiamente a fins do século XIII.

Pedagogia da natureza

Um misto de platonismo, tomismo e tradicionalismo com marcado viés distintivo ao orientar que o mestre se tome “como um jardineiro”. Apesar da afirmativa Bogdan recusa a ideia de Comenius ser o fundador deste modelo pedagógico.

Perspectivas de desenvolvimento da pedagogia da existência no século XVII

A ebulição no campo filosófico não deixa esta latente ciência imune. Os debates levam Comenius (ainda no Sec. Anterior) a formar o entendimento: razão, palavra, mão.

Concepção idealista da pedagogia da essência.

Nesta surge a separação do “eu” (tradicional e empírico). Kant mostra a empiricidade do "eu" em entender o ideal externo.
Feichte nega a lógica da realização do “eu” ideal e objetivo de Kant ao inferir que o atendimento de um ideal externo não pode suprir o “eu”. Com isso nos propõe entendermos um novo "eu transcendental".

Inícios da pedagogia da existência

Uma que a pedagogia essencialista partira de segmentações como dogmas religiosos, o humanismo do renascimento e uma ligação estreita com a natureza, Bogdan, considera que o pensamento existencialista haveria de ser altamente distinto. Isso ocorre, segunda aponta, nos trabalhos de Kierkegaard, Stirner e Nietzsche.
Kierkegaard propõe o debate sobre os planos éticos e estéticos. Não limita sua tese ao dogma nem ao Estado, mas incide sobre o sujeito interior e seus esforços de “ser” entendido como único.
Max Stirner reforça a liberdade preconizada em Roussel e aponta contra a Igreja e o Estado primando por uma educação liberta de moralidade defendendo o “egoísmo sagrado”.
Em Nietzsche este tema desenvolve-se em paralelos não sistemáticos, contudo admite que o homem não é capaz de viver sem regras e concebe a ideia do mais forte (dominador) e do fraco (dominado).
Instam por uma educação além da laicização. Inimagináveis em sua época e impraticáveis na atualidade (tal que que o lócus do homem atual está para servir o mercado financeiro).
Enquanto Roussel mirava a educação elitista com um erro e injusta para a sociedade e especialmente para o indivíduo Kierkegaard desvincula a educação do dogma para reforçar a unicidade do sujeito. Certamente Stirner e Nietzsche consagram que a vontade do mais forte deve prevalecer sobre o mais fraco tendo em vista a superioridade da minoria (os eleitos) suprimindo o “comum”.
É possível vislumbrar em Nietzsche e Stirner um refinamento do ideal platônico qual todo governo só poderia sê-lo quando um filósofo.

Humanismo nacionalista

Aqui surge uma tendência prática de confirmar a humanidade dos indivíduos através da concepção de nacionalidade como um encontro. O homem e seu alter ego voltados a compreensão do mundo prático, do real, para si e para o outro.
Voltaire, Helvetius, Kant deram o tom aos pressupostos nacionalistas do humanismo. Mais adiante Paine, Condorcet e Durkheim trabalham sobre as questões da razão e da moralidade ampliando de modo decisivo o entendimento sobre o homem em sociedade. Sua síntese é a negação da tradição dogmática e o afastamento das variáveis subjetivas de difícil verificação.

Teoria da evolução

Esta teoria no pensamento educacional é a terceira via, isto é, nega a tradição pedagógica e não reconhece a utilidade da pedagogia essencialista qual também a ataca.
Objetivamente Spencer formula questões que definem o evolucionismo pedagógico nas mesmas medidas da luta pela e no que justifique sua existência. Está contido neste pensamento uma ideia de sujeito – animal; abandonando o individualismo do existencialismo pedagógico e o subjetivismo da pedagogia da essência.  

Breve parêntese sobre o porquê de o Brasil não ter uma face educacional

A educação pode explicar a graça ou desgraça de um povo. O texto abaixo pode parecer desconexo se não estivermos a par da história da educação ocidental e das tentativas de se implantar modelos importados de educação atendendo antes as necessidades econômicas de outras nações em nome de padrões de progresso.
Do platonismo (uma educação de estado) ao tomismo peripatético (uma educação metafísica) nascem todos os modelos de educação ocidental. Esse monstro hibrido e indeciso caminha ainda hoje alimentando-se de vidas que nascem para servir a dois sistemas mentirosos e calhordas: a Igreja e ao Estado. Isso desde o momento que ambos fundiram suas identidades, fato que durou milênios (não que ainda não haja esse ranço) deturpam qualquer possibilidade de humanidade dos sujeitos (veja os conchavos da Igreja russa com o Estado, veja a esbornia que a Igreja protestante faz em Moçambique).
É na fase aguda deste casamento (Igreja - estado: Século XIX - XVII) que matam milhões de vidas aborígines para fundar as desgraças de um novo povo. E continuam a matar para manutenção de seu poder sobre o outro, assim como mataram mouros ou compatriotas em defesa de sua mentira suprema. Lembrem-se da Santa Inquisição.
Por que relacionar teorias educacionais a estas ocasiões? A intenção não é relacionar, mas negar que exista funcionalidade entre teorias educativas e as "realidades educativas" a não ser para as teorias pedagógicas da exploração e espoliação. Uma vez que surgiu Roma sobre a terra acabou a ideia de homem e espírito e brotou-se a ideia de espírito de guerra no homem (sei que não foi a única a viver para a guerra, porém refinou os sentidos de dominação e ganância). Ou seja, se são paralelas a tantas desgraças o que são se não meramente teorias? Ao menos a nós latinos e aos que sofreram nas fogueiras da inquisição ou aos que ainda morrem todos os dias pagando a conta dos países ricos e dos nossos exploradores oficiais em nome de quem não sabemos... O que quero dizer é que se as teorias têm alguma utilidade "só atendem a um lado da pretensa humanidade". 

Por este (des)organograma explicamos como foram tramados, ao longo dos séculos, os elementos do nosso pensar (quando pensamos). Refiro-me aos povos secularmente explorados pelas elites e governos das civilizações melhor arranjadas do primeiro mundo como gostam de ser chamados.
Na verdade, a estrutura (do lado de cá) que ajuda a manter a exploração (por aqueles ainda hoje) também é pobre, pois mendiga seu quinhão a uma nação ávida por dominação e não entende a peculiaridade de seu povo submetendo-o a toda sorte de entendimento, financeiro, teórico e protocolar exterior (só somos considerados dignos se imitarmos um modelo de fora). Somos tudo no futuro e não somos nada porque "somos" tudo num tempo ausente. Mas somos as veleidades de povos que nunca vimos e que não nos deseja ver! Nada somos! Nada temos além de engano, somos latinos americanos formados por preceitos importados.
O sobejo é transformado em necessidade pela TV e pelo cinema que cansou de sonhar e agora corroí as vísceras da realidade levando marionetes a se deliciarem com uma sessão refrigerante e pipoca. Alienando jovens do mundo inteiro em roteiros fantásticos, criando uma geração de boçais na frente e atrás das câmeras. Os investimentos em um único filme podem fazer sombra a gastos de escolas de uma grande cidade (latina é claro).
Quando a educação funciona é para atender uma demanda capitalista (os filhos da elite garantem suas vagas nas universidades públicas. Pública para benefício da elite? Mais um contra-senso que as privatizações que vendem empresas lucrativas não querem ver; por que?). Até as ações promovidas pelas igrejas visam ao lucro, sempre foi assim, não falemos de Alexandre VI nem de outros Papas do latifúndio que maninhavam em si a distribuição da terra. No presente vejam os escândalos mundo a fora: da Sibéria ao Brasil, da África as Américas; ah o Vaticano tem banco de investimentos.... As igrejas não investem em educação! Por quê? Mas querem dinheiro! Para quê?
O que é educação então? Apenas uma pretensão de alguns.
Não existe lugar comum para ideias nem ideais nem ideologias perfeitas sem sangue: é o que quer dizer a história. 
O conhecimento transforma a realidade e recria as necessidades. Desta máxima são abstraídas as utilidades que promovem o bem-estar de uma classe em detrimento de outra.
Assim perpetuam-se os modelos de educação (essencialista, existencialista), todavia, nada fizeram a não ser moldar o homem para atender uma demanda de rentabilidade que desse garantias a um grupo menor (cleros, bispos protestantes do povo, membros do Estado e empresários: os donos da verdade) não a coletividade. A exploração de um homem pelo outro é o maior patrimônio da humanidade. 
Antes de findar o século XIX o que viria ser chamada de Educação Nova surge das controvérsias antigas e gera novas insolúveis. A pedagogia social e a pedagogia da cultura.

A face da educação atual ainda preserva um esforço de negação da educação de cada época. Este esforço (negar) não fora concebido nos anseios revolucionários das buscas da liberdade, mas é uma imanência humana em cada estádio particularizado.
Cada sala de aula se projeta numa vontade tosca de superação do presente caem, a todo instante, no buraco sem fim da controvérsia, que por sinal, ainda tende ser o melhor caminho, pois ainda resta aos desvalidos da riqueza da terra a possibilidade de entender o mundo que vive. Somente entender.... Obviamente a realidade está posta entre a as imposições ideológicas e suas controvérsias amparadas na manutenção do currículo para cada classe sendo impossível a alteração deste "movimento de sombras".
Toda época tem sua polêmica e a chamam sempre num momento posterior por algum título aceitável: pedagogia disso ou daquilo.... Nos fins do Século XX a educação passou pelos termos tecnicistas e pedagogias sociais com base na ideia fixa de progresso e entra no Século XXI sustentando claramente a distinção de currículo. Alterando levemente os contextos numa pseudo democratização do ensino. 
A máscara do capital ainda não caiu. Lógico: o povo, parece, não se dera conta que se houver alguma vantagem cedida pelo sistema não passa de armadilha (casas populares nas cidades aplacam o espírito do pobre expulso do campo e oblitera a reforma agrária). A sensação de democracia faz um grupo de anencéfalos marcharem pela liberação da cannabis sativa, outros marcham pelo direito a pederastia e lesbianismo como se fosse algo novo. Uma única marcha satisfaria todas as outras: "A marcha pela saúde mental baseada nos princípios de sustentabilidade planetária na igualdade e na anarquia (se fosse possível viver sem hierarquia)". Eugenia. As individualidades não deveriam fazer diferença entre as pessoas. No entanto o mote sobre a realidade e dado por ideologias diversas a verdade das ruas.

Sabemos que ao século presente e ao passado nunca será tratado por seus verdadeiros termos: pedagogias mecanicistas, associativas, controversa ou explorativas. 
A pedagogia do futuro baseou-se e basear-se-á na idealização de progresso e bem comum, mas novamente é um engano como fora em termos existencialistas ou essencialistas, pois continuam a dividir o bolo de forma desigual. Seja de cidadão para cidadão seja de nação para nação. Principalmente as latinas com seus abutres autóctones e alóctones desde Hernán Cortez a Bush, de Francisco Pizarro a Woodrow Wilson, Cabral ao Conde de Derby (é do conhecimento de poucos, principalmente na América Latina, que os Ingleses financiaram aos  três patetas (Argentina, Brasil e Uruguai) o massacre do paraguaio (de crianças a velhos) em uma guerra sem precedentes, nada gastou, aniquilou um futuro concorrente comercial nos trópicos e deixou os três tolos endividados¹). Nestes períodos podemos aludir a educação jesuíta até o desenvolvimento da pedagogia spenceriana burguesa. Não parecem difusas, mas equivalentes, as práticas dos Estados também não...
Somente uma pedagogia com base nos preceitos da obviedade do pensamento de Malthus nos salvaria caso aliada a pedagogia da cultura solta de preceitos comerciais ou morais. Somente o abandono do desejo de subjugar nosso semelhante nos tornaria humanos. Somente o respeito ás diversas formas de vida no planeta nos faria homens: uma pedagogia ecologicamente correta. Mas quem se importa se o importante é ter o ouro, a prata, a cruz e a espada. Então não existem pedagogias seguras para todos: somente sombras educacionais impelidas das necessidades de alguns. Nunca para a coletividade.
A educação atual é pautada no modelo de empresa. As empresas descobriram que é preciso se tornar ecologicamente corretas para sobreviver, então: a escola também tem de se adaptar, isto é, ser ecológico é para todos - outros benefícios não. 
O modelo de empresa escolar contem a mentalidade do futuro cidadão desde a primeira infância até o nível superior. Novas questões surgem. Se as escolas, já há algum tempo são empresas, não haverá mais o surgimento de teorias educacionais? Sim, porém empresariais. Como empresas tenderam a robotizar o pensamento humano dentro dos preceitos economicistas parametrizados em lógicas tayloristas como será a mente do homem em quinhentos anos? Um tanto máquina? Meio humano?
Visto que nunca houve relação das teorias educacionais com a realidade me ocorrem outras dúvidas:
O que será das artes agora que as escolas são mais empresas que escolas? 
Como viverá o homem sem a possibilidade ou necessidade gerar teorias pedagógicas, pois o tomo já está dado pelo padrão empresarial de produção? 
O que será do novo sujeito nascido para competir?
A resposta está dada em cada questão num passado atemporal. Não se difere o passado do presente sem dificuldade de interpretação, pois as ilustrações teóricas costumam cobrir a verdade e o que é fato histórico pode não ter a cara sarapintada e lúdica de fato histórico, mas algo pior.
O Sistema é uma prisão e o homem não pode se dar o prazer de pensar-se fora dele. Essa é a verdadeira pedagogia: a pedagogia da Vida, da luta pela sobrevivência (cada um pelos seus a seu modo), o resto é perfume


 1. CHIAVENATO, Júlio José. Genocídio Americano: A Guerra do Paraguai. São Paulo: Círculo do Livro, 1988.
 

Consequências pedagógicas da teoria da evolução.

Tanto a essencialista quanto a existencialista instituíram novos formatos em suas concepções ao serem altamente desestabilizadas por ideias que revolucionárias.  Primeiro é preciso apontar que o evolucionismo pedagógico tem seu início na obra de Spencer que recorre ao pensamento darwiniano – transpondo-o para as causas sociais, logo pautando o liberalismo como principal método social.
Outro nome que instaura inquietação nas corretes pedagógicas de então fora Stanley hall analisando o substrato intelectual da criança ao iniciar os estudos. 
Destes pesadores ramificam ideias essencialistas na pedagogia da recapitulação entendida por Froebel, desenvolvida em Ziller e arestada em Decroly; para os existencialistas o evolucionismo pedagógico tem dois vieses dentro da então pedagogia funcional.
De um lado Claparèd e Bevot seguros na posição de Rousseau sobre a liberdade para aprender. De outro modo Dewy contrapõe a ideia de que a educação deva prevalecer a formação do sujeito transcendental e que seu desenvolvimento deva alentar a formação do espírito e da moral. O espírito alentado nesta visão seria a vontade social.

Noção bergsoniana da pedagogia da existência

Henri Bergson filosofo francês (1859 – 1941) desenvolveu em sua obra filosófica quatro estruturas para justificar a razão (o Élan Vital). 
Bergson redefine a ideia de evolução negando que haja um fim ou objetivo, mas que a evolução seja o momento ato presente, destituído de razões finais, exatamente em sentido contrário ocorre a analise dando a impressão de crescimento e evolução.
Em termos pedagógicos a noção bergsoniana abre espaço para o entendimento da psicologia da criança uma vez que sua concepção de desenvolvimento parte da criação interior do sujeito.

Existencialização da pedagogia da essência.

Vários autores seguiram os caminhos conflituosos de Kierkegaard, não o imitando, mas mesclando sua base ideológica (dogmática) fundando a existencialização da educação num processo adaptativo. Neste momento Suchodolski diz ter a pedagogia social deixado sua origem essencialista adquirindo traços existencialistas. Exemplo disso é o surgimento das “concepções comunitárias alemães” e ou modelos de educação amparados no pensamento durkheiminiano. É possível notar um racionalismo engajado no estudo da moral e a inevitável pretensa e submissão as instituições sociais.
Neste capitulo também se esclarece que a pedagogia essencialista não obedece a critérios religiosos e que contrário era plausível no sentido de projetar um modelo de homem e de educação.

A variação mais intensa no pensamento essencialista e notado pelas concepções freudianas que segundo Suchodolski acaba por gerar uma “pedagogia própria”. O ser pretenso de desaparecer, o ser plausível e aceitável já não tinha lugar fixo. O que sobra é o “ser” ponderável quase metafísico.

Existência individual e existência coletiva

Enquanto a pedagogia existencialista nutria-se das proposições de Stirner, Nietzsche, Kierkegaard, etc. e punha o indivíduo no centro das atenções...
É para o indivíduo que se institui tal modelo educacional, porém o sujeito é uma parte do todo então mister prover a existencialização da coletividade locada nos pressupostos morais indicados na obra de E. Durkheim. Este fato leva a dicotomização da pedagogia existencialista. Vem a dúvida:  a prioridade agora é atender o indivíduo ou atender a coletividade?       
Esse dilema abre caminho a uma série de novas concepções educacionais tal qual acontecera a pedagogia da essência.

Esforços contemporâneos para solução do conflito

As esperanças depositadas na “educação nova” nos parecem o abandono de um estado letárgico que viviam as sociedades em seus respectivos ninhos. O avanço dos jornais, do rádio podem ter levado estas populações a um sobre salto de consciência, contudo inócuo em seu anelo, pois o que determina o avanço de um Estado e sua população educada não é a vontade das massas somente e sim o que suas lideranças projetam para aquela massa. Então um manifesto aqui, outro ali, não faz jus a mudanças significativas para um modelo (geralmente de Estado).
Apesar do dito acima credita-se a educação nova a transfiguração do papel central na educação em que a criança de ser objeto e passa a ser sujeito. O ensino deixa de ser geral em sentido de levar o mundo do adulto para a criança, mas que esta viva seu próprio.
Havemos de discordar dessa observação que para nós seja tardia, uma vez que Comenius em sua Didática Magna no Sec. XVI – XVII levanta questões do gênero devidamente revista por Rousseau e outros que viram que o papel da educação era para a satisfação do indivíduo. Não parece prudente apontar datas que ações passaram a vigorar a não ser pela força de leis. 
Desta concepção surgem novos ajustes ...
O surgimento dessas esperanças é o ápice doa embate das correntes. Na educação nova a criança não é mais o objeto da educação e sim um sujeito. O ensino deixa de ser geral em sentido levar o mundo do adulto para a criança, mas que esta viva em seu próprio. Desta concepção surgem os ajustes pautados em seu pensamento, emoção e ação.
Por outro lado, uma dúvida: como transpor esse indivíduo para um mundo de regras e protocolos próprios da fase adulta? Ainda segundo Suchodolski “as soluções fáceis” marcaram esse problema encaminhando à ataques a pedagogia tradicional.
Diante do novo quadro na educação Suchodolski classifica tal tendência de ensino como “pedocêntrico” e afirma que “é neste sentido que pode fazer referência a uma revolução copernicana no campo do ensino” (p. 71).
Também indica Bertrand, Rousseau como expoentes lúcidos das proposições da educação nova. Neste modelo a educação não poderia submeter-se a certas “finalidades propostas por instituições ou correntes ideológicas nem ser utilizada pelo estado, igreja ou pátria. Cria que se a educação servisse à criança de pronto, o projetaria num futuro social renovado e melhor” (p 73).
Estavam para surgir novos embates ideológicos suscitados nas incertezas da funcionalidade e aplicabilidade do novo modelo. A estes embates Suchodolski chamará de antinomias, ou seja, “contradição entre desenvolvimento e adaptação”.
Desenvolvimento espontâneo e adaptativo
Aqui uma antinomia sugerida pelo autor originada em Darwin e Spencer está contido o debate entre sociologia psicologia. Para Spencer, por primazia considera os fatores internos ponto chave do desenvolvimento enquanto os fatores externos são vistos com ressalvas por serem impostos. Enquanto a sociologia entende a adaptação formadora do sujeito e o “desenvolvimento interior, não é mais que a imagem da adaptação” (p. 75).
Reciprocamente opostos estão o pedocentrismo pedagógico espontâneo e a pedagogia da adaptação – ambas as correntes caracterizadas pela Educação Nova.
Onde está a validade da educação? No desenvolvimento espontâneo preconizado por Rousseau ou na adaptação emergida no darwinismo arestado por Spencer?
Até pode levar o indivíduo o pedocentrismo espontâneo na não imposição de um aprendizado? Uma vez que haja intrinsicamente um desejo daquela sociedade em inseri-lo num futuro próximo.
A pedagogia da adaptação pode responder que o indivíduo não pode fugir do concreto, do real, do vindouro e por isso seja pressuposto adaptar-se quanto antes.
Não obstante, o educador manter-se-ia como tutor do indivíduo no próprio interesse deste último. De acordo com a concepção adaptativa “deveria ser um compromisso equilibrado entre as tendências do indivíduo e do meio social, era o preço para alcançar um lugar real ao sol” (p. 78).
Noutra ponta o “pedocentrismo tendia a sublimação do sujeito alegando sua bondade natural, sua capacidade de criação e sua vulnerabilidade.  Então a sublimação incidiria na substituição das formas inferiores pelas formas superiores de satisfação” (p. 79).
Este pensamento institui e reforça a querela do lugar pretenso ao indivíduo na sociedade, uma vez que haja claramente diferença entre o entendimento de valores (sociedade / indivíduo).
...
Suchodolski chama de utópica a preposição de Bertrand Russel em transformar a sociedade para o novo sujeito.
A esta altura pode-se notar a que a pedagogia adaptativa tem tanto mais consistência, essencialmente, por não abandonar princípios do pedocentrismo, no entanto a criticar por ser “conformista” (p. 79).
No ideal de Russel está a possibilidade do conflito e da negação – pressupostos inaceitáveis à pedagogia da adaptação.

Concepção da pedagogia social.

O que se conhece por pedagogias foram sociais são valores originados dos vários embates ideológicos, por vezes, em áreas exógenas a educação; entre outros, são citados por Suchodolski: Spencer, kant, Freud etc., mas é em Emilie Durkheim e Ferdinand Tönnies que se atribui os formatos clássicos e perceptíveis da pedagogia social.
A pedagogia social tem por princípio a distanciamento do pedocentrismo. Nela o indivíduo preservado é o campo social, então a criança passa a ser objeto da educação e mais o sujeito seu sujeito que por sua vez, conforme as visões mais otimistas, passa o “todo”. Suchodolski aponta uma disparidade entre o pensamento moral e o comunitário social de Tönnies quais marcadas por traços indeléveis em suas formas de perceber o indivíduo. O primeiro reconhecendo o apriorismo kantiano, contudo este “priori” seja uma causa instituída pela sociedade. Logo a moral do indivíduo depende é para uma causa maior em que ao mesmo tempo que lhe “oprime” lhe oferece recompensas.
Tönnies é visto como influência para o regime nacionalista alemão ao bipartir as formas de vida social em racional utilitarista e institucional organizada. O cerne desta questão é o reforçamento da posição de indivíduo perante a comunidade. Pertence ao indivíduo a responsabilidade com o “todo”.
Enquanto o sujeito durkheiminiano é formado pela sociedade que lhe estabelece valores e limites o indivíduo de Tönnies não existe enquanto sujeito, mas somente no corpo social do qual é responsável em totalidade, isto é, sua ação só é digna caso sirva ao conjunto. 
    

Pedagogia da cultura

Enquanto a corrente educativa da adaptação era considerada utilitarista e individualista a corrente cultural traz nova dicotomia para campo: individualismo versus subordinação; forma versus adaptação; utopia versus conformismo, pois a forma do homem está na sua herança cultural.
A pedagogia da Educação nova (que não tem origem fixa – diga-se de passagem) tanto poderia ligar-se a corrente social quanto a cultural. É parte de um estado ambíguo que leva a um sombreamento pedagógico.
A afirmativa da corrente cultural de que o homem tem sua personalidade criada nas formas culturais nega o princípio desenvolvimentista da educação. Doutro modo a educação nova credita ao desenvolvimento individual levar o sujeito a níveis superiores culturais e espirituais.
Se por um lado a pedagogia do grupo social nega a corrente adaptativa, esta que se impõe ao modelo desenvolvimentista do sujeito lhe oferecendo o que está dado a pedagogia da cultura tendia a reconhecer as capacidades individuais. Padrão novamente negado pela corrente do grupo social qual pretendia ao sujeito um mundo concreto, um mundo real. O conflito permanece.
A pedagogia moderna da essência é uma síntese da educação nova. Modelo que retoma e reformula antigos preceitos, tanto no âmbito católico quanto protestante. Interessa-os negar a pedagogia social e cultural a fim de promover “tendenciais metafísicas”.
O caráter abstrato do essencialismo permitiu solução a contenda. Seus ideólogos distanciaram-se da realidade em equivalência aos entendimentos das incongruências das práxis.
Enquanto a corrente existencialista se instituiu em um plano que visa responder as demandas da vida em sua concretude percebendo o indivíduo como parte de um todo tal qual serva, a princípio, ao conjunto – dele se aprimore em extrair novos bens que possam novamente atender ao conjunto. O enunciado pode sintetizar, de forma simplificada, a conciliação entre as correntes. Um novo olhar sobre a realidade social amparado em psicologias sociais arrefece o debate e impõe ao indivíduo a característica de “sujeito do coletivo” – não ulteriormente metafísico, mas circunstancial, inacabado e, concomitantemente, amplo.
O homem precisa apenas ser persuadido de seus fins, uma vez feito – o como chegar torna-se apenas um detalhe.
A controvérsia entre as correstes chega a modernidade sem solução aparente ou satisfatórias com os vários entendimentos de como deve ser a educação, de como deve ser o homem, a quem deve servir; se a si – numa perspectiva metaforizada dos ensaios educacionais), se a coletividade “entendido” numa proposta política cujo momento o tronaria importante individualmente apesar de sua ação compreender-se num contexto universalista, se a preceitos ulteriores além-túmulo quais norteariam sua vida. Prova que não houve evolução sobre a questão está na percepção de que a Educação é apenas um instrumento do Estado, de uma coligação religiosa ou militar – infere-se que educar seja o esforço diário de guetos ou nações para manter os seus dentro um molde, um arquétipo que se julga adequado a posteridade. Isto é, exercícios reais para educação nestes 2500 anos de história pouco existiram. O que ocorreram de fato foram rabiscos históricos de poucos pensadores, implementações de um outro Estado (civil ou religioso) cabendo a posteridade colorir estes rabiscos! É um pouco do que fazemos hoje e sempre, nos enganar...

Controvérsia moderna entre a pedagogia da existência e a pedagogia da essência

O dilema entre as correntes chega a modernidade sem solução satisfatória para nenhum dos contendores quaisquer que seja seu nível de comprometimento. O que sobra são os vários entendimentos e preceitos de a quem e quais atores a educação deve servir e servir-se, de como deve ser o homem e para qual esfera ou viés este deve preencher. Se a uma perspectiva metafisica (qual não será mais a si), se a coletividade entendida numa proposta política, cujo momento o tornaria importante individualmente, apesar de sua ação atender a um contexto universalista e coletivista. Ou ainda a não elencada terceira via para qual, hoje seria impensável, mas praticável que é a educação por exclusividade das classes (qual, de certa maneira ocorre, com o alijamento de alunos pobres dos grandes centros universitários por “n” razões.
Enfim, a educação, em tempos atuais, nada mais é que um negócio bilionário! E o que irá definir a formação de um ser para outro será sua bagagem, suas determinações pessoais, seu meio e suas possibilidades de acessos. Na era da interatividade não a modelo há seguir, apenas a busca de uma bolha de satisfação pautada em razões antípodas (ninguém é o que "é" por "ser" e por satisfação, mas "algo" para atendimento de uma demanda do mercado travestido num desejo ouropel).

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