Resenha:
A pedagogia e as grandes correntes filosóficas.
A pedagogia da
existência e a pedagogia da essência.
(Bogdan Suchodolski)
É apontado como
espectro fundamental da questão dos entendimentos pedagógicos, isto é, a linha
inicialmente escolhida delimita o campo interpretativo indicador da realidade
pretendida para a área em questão.
Pedagogia de Platão e pedagogia Cristã
A diferenciação
do mundo da “ideia perfeita” e do “mundo das sombras” não é exógena ao ser, mas
imanência diante das buscas e realizações.
A busca da
realidade ideal funda a pedagogia da essência ou como dizem: sua essência verdadeira.
Para Platão o
conhecimento vem das “reminiscências observadas no mundo da ideia perfeita”.
A pedagogia
cristã reformulou este pensamento rompendo com o empirismo apoiando-se na ideia
de um mundo ulterior e adequado a vida do espirito.
Ainda sob
influência da filosofia o cristianismo se apega a propósitos peripatéticos no
conjunto antinômico matéria – forma aceitando a especificidade elencada por
Aristóteles quando diz que a forma do homem é o pensamento.
Bogdan aponta que
Tomas de Aquino, assim como Aristóteles, rejeita pontos extremos no conceito
da pedagogia da essência. No entanto, podemos perceber estes movimentos como
elementos adaptativos, ou seja, a forma ativa opera sobre a matéria provando-a
variável.
O inatismo não
consta na pedagogia da essência, porém a causa que determina o movimento
interrelacional encontra-se na palavra divina e tudo se deve a “ela”.
A pedagogia da
essência dá dois passos adiante e três para trás quando prende o conhecimento empírico
e o determina sob licença dogmática (que é sempre uma ideia perfeita). Aponta
falhas do homem corrupto e corruptor, mas não rompe com as instituições que
corrompem o homem. Ao contrário. Quando viável apodera-se dela mantendo seu
anonimato.
Conflito
No renascimento
surge a ebulição, as questões que nortearam o homem a estágios avançados na
forma. Podemos então perguntar se a forma petrificou-se por 1600 anos? Obvio que
não. O êxtase da Igreja indicava a negação de ideias latentes, logicamente,
contrárias a seus preceitos graciosos. O germe torna-se ao sol e vira cinzas
para santificar-se.
Não existe um
lugar comum às ideias que não estejam genuflexas a Igreja naqueles longos
séculos. O dogma aponta o caminho na comunicação de uma necessidade e tudo fica
resumida ao que diz as “escrituras”.
Bogdan coloca que
no renascimento os conflitos filosóficos e ideários indicam que o “passado
perdia seu caráter de Reino em que se realizavam as ideias absolutas e
imutáveis”. Este fato histórico indica a origem do vício atual de sermos
avessos a determinada questão e no ano seguinte nos referirmos a esta com
saudosismo. Ou seja, o passados ainda é o reino do acontecimento perfeito, não
só da ideia perfeita. Tal elemento corrobora a mutabilidade humana, a
insatisfação permanente e a incapacidade de reflexão uníssona em relação aos
ideais (sejam quais forem).
Ainda durante o
renascimento a Igreja tentou reformular suas teorias educativas, contudo
questionamentos gerais não permitiram a uniformização das práxis; sendo o ponto
de vista de partida para novas teorias tardiamente a fins do século XIII.
Pedagogia da natureza
Um misto de
platonismo, tomismo e tradicionalismo com marcado viés distintivo ao orientar
que o mestre se tome “como um jardineiro”. Apesar da afirmativa Bogdan recusa a
ideia de Comenius ser o fundador deste modelo pedagógico.
Perspectivas de desenvolvimento da pedagogia
da existência no século XVII
A ebulição no
campo filosófico não deixa esta latente ciência imune. Os debates levam
Comenius (ainda no Sec. Anterior) a formar o entendimento: razão, palavra, mão.
Concepção idealista da pedagogia da essência.
Nesta surge a
separação do “eu” (tradicional e empírico). Kant mostra a empiricidade do "eu" em
entender o ideal externo.
Feichte nega a
lógica da realização do “eu” ideal e objetivo de Kant ao inferir que o
atendimento de um ideal externo não pode suprir o “eu”. Com isso nos propõe
entendermos um novo "eu transcendental".
Inícios da pedagogia da existência
Uma que a
pedagogia essencialista partira de segmentações como dogmas religiosos, o
humanismo do renascimento e uma ligação estreita com a natureza, Bogdan,
considera que o pensamento existencialista haveria de ser altamente distinto.
Isso ocorre, segunda aponta, nos trabalhos de Kierkegaard, Stirner e Nietzsche.
Kierkegaard
propõe o debate sobre os planos éticos e estéticos. Não limita sua tese ao
dogma nem ao Estado, mas incide sobre o sujeito interior e seus esforços de
“ser” entendido como único.
Max Stirner
reforça a liberdade preconizada em Roussel e aponta contra a Igreja e o Estado
primando por uma educação liberta de moralidade defendendo o “egoísmo sagrado”.
Em Nietzsche este
tema desenvolve-se em paralelos não sistemáticos, contudo admite que o homem
não é capaz de viver sem regras e concebe a ideia do mais forte (dominador) e
do fraco (dominado).
Instam por uma
educação além da laicização. Inimagináveis em sua época e impraticáveis na
atualidade (tal que que o lócus do
homem atual está para servir o mercado financeiro).
Enquanto Roussel
mirava a educação elitista com um erro e injusta para a sociedade e
especialmente para o indivíduo Kierkegaard desvincula a educação do dogma para
reforçar a unicidade do sujeito. Certamente Stirner e Nietzsche consagram que a
vontade do mais forte deve prevalecer sobre o mais fraco tendo em vista a
superioridade da minoria (os eleitos) suprimindo o “comum”.
É possível
vislumbrar em Nietzsche e Stirner um refinamento do ideal platônico qual todo
governo só poderia sê-lo quando um filósofo.
Humanismo nacionalista
Aqui surge uma
tendência prática de confirmar a humanidade dos indivíduos através da concepção
de nacionalidade como um encontro. O homem e seu alter ego voltados a
compreensão do mundo prático, do real, para si e para o outro.
Voltaire,
Helvetius, Kant deram o tom aos pressupostos nacionalistas do humanismo. Mais
adiante Paine, Condorcet e Durkheim trabalham sobre as questões da razão e da
moralidade ampliando de modo decisivo o entendimento sobre o homem em
sociedade. Sua síntese é a negação da tradição dogmática e o afastamento das
variáveis subjetivas de difícil verificação.
Teoria da evolução
Esta teoria no
pensamento educacional é a terceira via, isto é, nega a tradição pedagógica e
não reconhece a utilidade da pedagogia essencialista qual também a ataca.
Objetivamente
Spencer formula questões que definem o evolucionismo pedagógico nas mesmas
medidas da luta pela e no que justifique sua existência. Está contido neste
pensamento uma ideia de sujeito – animal; abandonando o individualismo do
existencialismo pedagógico e o subjetivismo da pedagogia da essência.
Breve parêntese sobre o porquê de o Brasil não ter
uma face educacional
A
educação pode explicar a graça ou desgraça de um povo. O texto abaixo pode
parecer desconexo se não estivermos a par da história da educação ocidental e
das tentativas de se implantar modelos importados de educação atendendo antes
as necessidades econômicas de outras nações em nome de padrões de progresso.
Do platonismo
(uma educação de estado) ao tomismo peripatético (uma educação metafísica)
nascem todos os modelos de educação ocidental. Esse monstro hibrido e indeciso
caminha ainda hoje alimentando-se de vidas que nascem para servir a dois
sistemas mentirosos e calhordas: a Igreja e ao Estado. Isso desde o momento que
ambos fundiram suas identidades, fato que durou milênios (não que ainda não
haja esse ranço) deturpam qualquer possibilidade de humanidade dos sujeitos
(veja os conchavos da Igreja russa com o Estado, veja a esbornia que a Igreja
protestante faz em Moçambique).
É na
fase aguda deste casamento (Igreja - estado: Século XIX - XVII) que matam
milhões de vidas aborígines para fundar as desgraças de um novo povo. E
continuam a matar para manutenção de seu poder sobre o outro, assim como
mataram mouros ou compatriotas em defesa de sua mentira suprema. Lembrem-se da
Santa Inquisição.
Por
que relacionar teorias educacionais a estas ocasiões? A intenção não é
relacionar, mas negar que exista funcionalidade entre teorias educativas e as
"realidades educativas" a não ser para as teorias pedagógicas da
exploração e espoliação. Uma vez que surgiu Roma sobre a terra acabou a ideia
de homem e espírito e brotou-se a ideia de espírito de guerra no homem (sei que
não foi a única a viver para a guerra, porém refinou os sentidos de dominação e
ganância). Ou seja, se são paralelas a tantas desgraças o que são se não
meramente teorias? Ao menos a nós latinos e aos que sofreram nas fogueiras da
inquisição ou aos que ainda morrem todos os dias pagando a conta dos países
ricos e dos nossos
exploradores oficiais em
nome de quem não sabemos... O que quero dizer é que se as teorias têm alguma
utilidade "só atendem a um lado da pretensa humanidade".
Por
este (des)organograma explicamos como foram tramados, ao longo dos séculos, os
elementos do nosso pensar (quando pensamos). Refiro-me aos povos secularmente
explorados pelas elites e governos das civilizações melhor arranjadas do
primeiro mundo como gostam de ser chamados.
Na
verdade, a estrutura (do lado de cá) que ajuda a manter a exploração (por
aqueles ainda hoje) também é pobre, pois mendiga seu quinhão a uma nação ávida
por dominação e não entende a peculiaridade de seu povo submetendo-o a toda
sorte de entendimento, financeiro, teórico e protocolar exterior (só somos
considerados dignos se imitarmos um modelo de fora). Somos tudo no futuro e não
somos nada porque "somos" tudo num tempo ausente. Mas somos as
veleidades de povos que nunca vimos e que não nos deseja ver! Nada somos! Nada
temos além de engano, somos latinos americanos formados por preceitos importados.
O
sobejo é transformado em necessidade pela TV e pelo cinema que cansou de sonhar
e agora corroí as vísceras da realidade levando marionetes a se
deliciarem com uma sessão refrigerante e pipoca. Alienando jovens do mundo
inteiro em roteiros fantásticos, criando uma geração de boçais na frente e
atrás das câmeras. Os investimentos em um único filme podem fazer sombra a
gastos de escolas de uma grande cidade (latina é claro).
Quando
a educação funciona é para atender uma demanda capitalista (os filhos da elite
garantem suas vagas nas universidades públicas. Pública para benefício da
elite? Mais um contra-senso que as privatizações que vendem empresas lucrativas
não querem ver; por que?). Até as ações promovidas pelas igrejas visam ao
lucro, sempre foi assim, não falemos de Alexandre VI nem de outros Papas do
latifúndio que maninhavam em si a distribuição da terra. No presente vejam os
escândalos mundo a fora: da Sibéria ao Brasil, da África as Américas; ah o
Vaticano tem banco de investimentos.... As igrejas não investem em educação!
Por quê? Mas querem dinheiro! Para quê?
O que
é educação então? Apenas uma pretensão de alguns.
Não
existe lugar comum para ideias nem ideais nem ideologias perfeitas sem
sangue: é o que quer dizer a história.
O
conhecimento transforma a realidade e recria as necessidades. Desta máxima são
abstraídas as utilidades que promovem o bem-estar de uma classe em detrimento
de outra.
Assim
perpetuam-se os modelos de educação (essencialista, existencialista), todavia,
nada fizeram a não ser moldar o homem para atender uma demanda de rentabilidade
que desse garantias a um grupo menor (cleros, bispos protestantes do povo,
membros do Estado e empresários: os donos da verdade) não a coletividade. A
exploração de um homem pelo outro é o maior patrimônio da humanidade.
Antes
de findar o século XIX o que viria ser chamada de Educação Nova surge das
controvérsias antigas e gera novas insolúveis. A pedagogia social e a pedagogia
da cultura.
A face
da educação atual ainda preserva
um esforço de negação da educação de cada época. Este esforço (negar) não fora
concebido nos anseios revolucionários das buscas da liberdade, mas é uma
imanência humana em cada estádio particularizado.
Cada sala de aula se projeta
numa vontade tosca de superação do presente caem, a todo instante, no buraco
sem fim da controvérsia, que por sinal, ainda tende ser o melhor caminho, pois
ainda resta aos desvalidos da riqueza da terra a possibilidade de entender o
mundo que vive. Somente entender.... Obviamente a realidade está posta entre a
as imposições ideológicas e suas controvérsias amparadas na manutenção do
currículo para cada classe sendo impossível a alteração deste "movimento
de sombras".
Toda época tem sua polêmica e a
chamam sempre num momento posterior por algum título aceitável: pedagogia disso
ou daquilo.... Nos fins do Século XX a educação passou pelos termos tecnicistas
e pedagogias sociais com base na ideia fixa de progresso e entra no Século XXI
sustentando claramente a distinção de currículo. Alterando levemente os
contextos numa pseudo democratização do ensino.
A máscara do capital ainda não
caiu. Lógico: o povo, parece, não se dera conta que se houver alguma vantagem
cedida pelo sistema não passa de armadilha (casas populares nas cidades aplacam
o espírito do pobre expulso do campo e oblitera a reforma agrária). A sensação
de democracia faz um grupo de anencéfalos marcharem pela liberação da cannabis sativa, outros marcham
pelo direito a pederastia e lesbianismo como se fosse algo novo. Uma única
marcha satisfaria todas as outras: "A marcha pela saúde mental baseada nos
princípios de sustentabilidade planetária na igualdade e na anarquia (se fosse
possível viver sem hierarquia)". Eugenia. As individualidades não deveriam
fazer diferença entre as pessoas. No entanto o mote sobre a realidade e dado
por ideologias diversas a verdade das ruas.
Sabemos
que ao século presente e ao passado nunca será tratado por seus verdadeiros
termos: pedagogias mecanicistas, associativas, controversa ou
explorativas.
A
pedagogia do futuro baseou-se e basear-se-á na idealização de progresso e bem
comum, mas novamente é um engano como fora em termos existencialistas ou
essencialistas, pois continuam a dividir o bolo de forma desigual. Seja de
cidadão para cidadão seja de nação para nação. Principalmente as latinas com
seus abutres autóctones e alóctones desde Hernán Cortez a Bush, de
Francisco Pizarro a Woodrow Wilson, Cabral ao Conde de Derby (é
do conhecimento de poucos, principalmente na América Latina, que os
Ingleses financiaram aos três patetas (Argentina, Brasil e Uruguai) o
massacre do paraguaio (de crianças a velhos) em uma guerra sem precedentes,
nada gastou, aniquilou um futuro concorrente comercial nos trópicos e deixou os
três tolos endividados¹). Nestes períodos podemos aludir a educação jesuíta até
o desenvolvimento da pedagogia spenceriana burguesa. Não parecem difusas, mas
equivalentes, as práticas dos Estados também não...
Somente
uma pedagogia com base nos preceitos da obviedade do pensamento de Malthus nos
salvaria caso aliada a pedagogia da cultura solta de preceitos comerciais ou
morais. Somente o abandono do desejo de subjugar nosso semelhante nos tornaria
humanos. Somente o respeito ás diversas formas de vida no planeta nos faria
homens: uma pedagogia ecologicamente correta. Mas quem se importa se o
importante é ter o ouro, a prata, a cruz e a espada. Então não existem
pedagogias seguras para todos: somente sombras educacionais impelidas das
necessidades de alguns. Nunca para a coletividade.
A
educação atual é pautada no modelo de empresa. As empresas descobriram que é
preciso se tornar ecologicamente corretas para sobreviver, então: a escola também
tem de se adaptar, isto é, ser ecológico é para todos - outros benefícios não.
O modelo de empresa escolar contem a mentalidade do futuro cidadão desde a
primeira infância até o nível superior. Novas questões surgem. Se as escolas, já
há algum tempo são empresas, não haverá mais o surgimento de teorias
educacionais? Sim, porém empresariais. Como empresas tenderam a robotizar o pensamento
humano dentro dos preceitos economicistas parametrizados em lógicas tayloristas
como será a mente do homem em quinhentos anos? Um tanto máquina? Meio humano?
Visto
que nunca houve relação das teorias educacionais com a realidade
me ocorrem outras dúvidas:
O que
será das artes agora que as escolas são mais empresas que escolas?
Como
viverá o homem sem a possibilidade ou necessidade gerar teorias pedagógicas,
pois o tomo já está dado pelo padrão empresarial de produção?
O que
será do novo sujeito nascido para competir?
A
resposta está dada em cada questão num passado atemporal. Não se difere o
passado do presente sem dificuldade de interpretação, pois as ilustrações
teóricas costumam cobrir a verdade e o que é fato histórico pode não ter a cara
sarapintada e lúdica de fato histórico, mas algo pior.
O
Sistema é uma prisão e o homem não pode se dar o prazer de pensar-se fora dele.
Essa é a verdadeira pedagogia: a pedagogia da Vida, da luta pela sobrevivência
(cada um pelos seus a seu modo), o resto é perfume
1. CHIAVENATO, Júlio José. Genocídio Americano: A
Guerra do Paraguai. São Paulo: Círculo do Livro, 1988.
Consequências
pedagógicas da teoria da evolução.
Tanto a
essencialista quanto a existencialista instituíram novos formatos em suas
concepções ao serem altamente desestabilizadas por ideias que
revolucionárias. Primeiro é preciso
apontar que o evolucionismo pedagógico tem seu início na obra de Spencer que
recorre ao pensamento darwiniano – transpondo-o para as causas sociais, logo
pautando o liberalismo como principal método social.
Outro nome que
instaura inquietação nas corretes pedagógicas de então fora Stanley hall
analisando o substrato intelectual da criança ao iniciar os estudos.
Destes pesadores
ramificam ideias essencialistas na pedagogia da recapitulação entendida por
Froebel, desenvolvida em Ziller e arestada em Decroly; para os existencialistas
o evolucionismo pedagógico tem dois vieses dentro da então pedagogia funcional.
De um lado Claparèd
e Bevot seguros na posição de Rousseau sobre a liberdade para aprender. De
outro modo Dewy contrapõe a ideia de que a educação deva prevalecer a formação
do sujeito transcendental e que seu desenvolvimento deva alentar a formação do
espírito e da moral. O espírito alentado nesta visão seria a vontade social.
Noção bergsoniana da pedagogia da existência
Henri Bergson filosofo
francês (1859 – 1941) desenvolveu em sua obra filosófica quatro estruturas para
justificar a razão (o Élan Vital).
Bergson redefine
a ideia de evolução negando que haja um fim ou objetivo, mas que a evolução
seja o momento ato presente, destituído de razões finais, exatamente em sentido
contrário ocorre a analise dando a impressão de crescimento e evolução.
Em termos
pedagógicos a noção bergsoniana abre espaço para o entendimento da psicologia
da criança uma vez que sua concepção de desenvolvimento parte da criação
interior do sujeito.
Existencialização da pedagogia da essência.
Vários autores
seguiram os caminhos conflituosos de Kierkegaard, não o imitando, mas mesclando
sua base ideológica (dogmática) fundando a existencialização da educação num
processo adaptativo. Neste momento Suchodolski diz ter a pedagogia social
deixado sua origem essencialista adquirindo traços existencialistas. Exemplo
disso é o surgimento das “concepções comunitárias alemães” e ou modelos de
educação amparados no pensamento durkheiminiano. É possível notar um
racionalismo engajado no estudo da moral e a inevitável pretensa e submissão as
instituições sociais.
Neste capitulo
também se esclarece que a pedagogia essencialista não obedece a critérios
religiosos e que contrário era plausível no sentido de projetar um modelo de
homem e de educação.
A variação mais
intensa no pensamento essencialista e notado pelas concepções freudianas que
segundo Suchodolski acaba por gerar uma “pedagogia própria”. O ser pretenso de
desaparecer, o ser plausível e aceitável já não tinha lugar fixo. O que sobra é
o “ser” ponderável quase metafísico.
Existência individual e existência coletiva
Enquanto a
pedagogia existencialista nutria-se das proposições de Stirner, Nietzsche,
Kierkegaard, etc. e punha o indivíduo no centro das atenções...
É para o
indivíduo que se institui tal modelo educacional, porém o sujeito é uma parte
do todo então mister prover a existencialização da coletividade locada nos
pressupostos morais indicados na obra de E. Durkheim. Este fato leva a
dicotomização da pedagogia existencialista. Vem a dúvida: a prioridade agora é atender o indivíduo ou
atender a coletividade?
Esse dilema abre
caminho a uma série de novas concepções educacionais tal qual acontecera a
pedagogia da essência.
Esforços contemporâneos para solução do
conflito
As esperanças depositadas na
“educação nova” nos parecem o abandono de um estado letárgico que viviam as
sociedades em seus respectivos ninhos. O avanço dos jornais, do rádio podem ter
levado estas populações a um sobre salto de consciência, contudo inócuo em seu
anelo, pois o que determina o avanço de um Estado e sua população educada não é
a vontade das massas somente e sim o que suas lideranças projetam para aquela
massa. Então um manifesto aqui, outro ali, não faz jus a mudanças
significativas para um modelo (geralmente de Estado).
Apesar do dito acima credita-se a
educação nova a transfiguração do papel central na educação em que a criança de
ser objeto e passa a ser sujeito. O ensino deixa de ser geral em sentido de
levar o mundo do adulto para a criança, mas que esta viva seu próprio.
Havemos de discordar dessa
observação que para nós seja tardia, uma vez que Comenius em sua Didática Magna
no Sec. XVI – XVII levanta questões do gênero devidamente revista por Rousseau
e outros que viram que o papel da educação era para a satisfação do indivíduo.
Não parece prudente apontar datas que ações passaram a vigorar a não ser pela
força de leis.
Desta concepção
surgem novos ajustes ...
O surgimento
dessas esperanças é o ápice doa embate das correntes. Na educação nova a
criança não é mais o objeto da educação e sim um sujeito. O ensino deixa de ser
geral em sentido levar o mundo do adulto para a criança, mas que esta viva em
seu próprio. Desta concepção surgem os ajustes pautados em seu pensamento,
emoção e ação.
Por outro lado,
uma dúvida: como transpor esse indivíduo para um mundo de regras e protocolos
próprios da fase adulta? Ainda segundo Suchodolski “as soluções fáceis”
marcaram esse problema encaminhando à ataques a pedagogia tradicional.
Diante do novo
quadro na educação Suchodolski classifica tal tendência de ensino como
“pedocêntrico” e afirma que “é neste sentido que pode fazer referência a uma
revolução copernicana no campo do ensino” (p. 71).
Também indica
Bertrand, Rousseau como expoentes lúcidos das proposições da educação nova.
Neste modelo a educação não poderia submeter-se a certas “finalidades propostas
por instituições ou correntes ideológicas nem ser utilizada pelo estado, igreja
ou pátria. Cria que se a educação servisse à criança de pronto, o projetaria
num futuro social renovado e melhor” (p 73).
Estavam para
surgir novos embates ideológicos suscitados nas incertezas da funcionalidade e
aplicabilidade do novo modelo. A estes embates Suchodolski chamará de
antinomias, ou seja, “contradição entre desenvolvimento e adaptação”.
Desenvolvimento
espontâneo e adaptativo
Aqui uma
antinomia sugerida pelo autor originada em Darwin e Spencer está contido o
debate entre sociologia psicologia. Para Spencer, por primazia considera os
fatores internos ponto chave do desenvolvimento enquanto os fatores externos
são vistos com ressalvas por serem impostos. Enquanto a sociologia entende a
adaptação formadora do sujeito e o “desenvolvimento interior, não é mais que a
imagem da adaptação” (p. 75).
Reciprocamente
opostos estão o pedocentrismo pedagógico espontâneo e a pedagogia da adaptação
– ambas as correntes caracterizadas pela Educação Nova.
Onde está a
validade da educação? No desenvolvimento espontâneo preconizado por Rousseau ou
na adaptação emergida no darwinismo arestado por Spencer?
Até pode levar o
indivíduo o pedocentrismo espontâneo na não imposição de um aprendizado? Uma
vez que haja intrinsicamente um desejo daquela sociedade em inseri-lo num
futuro próximo.
A pedagogia da
adaptação pode responder que o indivíduo não pode fugir do concreto, do real,
do vindouro e por isso seja pressuposto adaptar-se quanto antes.
Não obstante, o
educador manter-se-ia como tutor do indivíduo no próprio interesse deste
último. De acordo com a concepção adaptativa “deveria ser um compromisso
equilibrado entre as tendências do indivíduo e do meio social, era o preço para
alcançar um lugar real ao sol” (p. 78).
Noutra ponta o
“pedocentrismo tendia a sublimação do sujeito alegando sua bondade natural, sua
capacidade de criação e sua vulnerabilidade.
Então a sublimação incidiria na substituição das formas inferiores pelas
formas superiores de satisfação” (p. 79).
Este pensamento
institui e reforça a querela do lugar pretenso ao indivíduo na sociedade, uma
vez que haja claramente diferença entre o entendimento de valores (sociedade /
indivíduo).
...
Suchodolski chama
de utópica a preposição de Bertrand Russel em transformar a sociedade para o
novo sujeito.
A esta altura
pode-se notar a que a pedagogia adaptativa tem tanto mais consistência,
essencialmente, por não abandonar princípios do pedocentrismo, no entanto a
criticar por ser “conformista” (p. 79).
No ideal de
Russel está a possibilidade do conflito e da negação – pressupostos
inaceitáveis à pedagogia da adaptação.
Concepção da pedagogia social.
O que se conhece por pedagogias
foram sociais são valores originados dos vários embates ideológicos, por vezes,
em áreas exógenas a educação; entre outros, são citados por Suchodolski:
Spencer, kant, Freud etc., mas é em Emilie Durkheim e Ferdinand Tönnies que se
atribui os formatos clássicos e perceptíveis da pedagogia social.
A pedagogia
social tem por princípio a distanciamento do pedocentrismo. Nela o indivíduo
preservado é o campo social, então a criança passa a ser objeto da educação e
mais o sujeito seu sujeito que por sua vez, conforme as visões mais otimistas,
passa o “todo”. Suchodolski aponta uma disparidade entre o pensamento moral e o
comunitário social de Tönnies quais marcadas por traços indeléveis em suas
formas de perceber o indivíduo. O primeiro reconhecendo o apriorismo kantiano,
contudo este “priori” seja uma causa instituída pela sociedade. Logo a moral do
indivíduo depende é para uma causa maior em que ao mesmo tempo que lhe “oprime”
lhe oferece recompensas.
Tönnies é visto
como influência para o regime nacionalista alemão ao bipartir as formas de vida
social em racional utilitarista e institucional organizada. O cerne desta
questão é o reforçamento da posição de indivíduo perante a comunidade. Pertence
ao indivíduo a responsabilidade com o “todo”.
Enquanto o
sujeito durkheiminiano é formado pela sociedade que lhe estabelece valores e
limites o indivíduo de Tönnies não existe enquanto sujeito, mas somente no
corpo social do qual é responsável em totalidade, isto é, sua ação só é digna
caso sirva ao conjunto.
Pedagogia da cultura
Enquanto a
corrente educativa da adaptação era considerada utilitarista e individualista a
corrente cultural traz nova dicotomia para campo: individualismo versus
subordinação; forma versus adaptação; utopia versus conformismo, pois a forma
do homem está na sua herança cultural.
A pedagogia da
Educação nova (que não tem origem fixa – diga-se de passagem) tanto poderia
ligar-se a corrente social quanto a cultural. É parte de um estado ambíguo que
leva a um sombreamento pedagógico.
A afirmativa da
corrente cultural de que o homem tem sua personalidade criada nas formas
culturais nega o princípio desenvolvimentista da educação. Doutro modo a
educação nova credita ao desenvolvimento individual levar o sujeito a níveis
superiores culturais e espirituais.
Se por um lado a
pedagogia do grupo social nega a corrente adaptativa, esta que se impõe ao
modelo desenvolvimentista do sujeito lhe oferecendo o que está dado a pedagogia
da cultura tendia a reconhecer as capacidades individuais. Padrão novamente
negado pela corrente do grupo social qual pretendia ao sujeito um mundo
concreto, um mundo real. O conflito permanece.
A pedagogia
moderna da essência é uma síntese da educação nova. Modelo que retoma e
reformula antigos preceitos, tanto no âmbito católico quanto protestante.
Interessa-os negar a pedagogia social e cultural a fim de promover “tendenciais
metafísicas”.
O caráter
abstrato do essencialismo permitiu solução a contenda. Seus ideólogos
distanciaram-se da realidade em equivalência aos entendimentos das
incongruências das práxis.
Enquanto a corrente
existencialista se instituiu em um plano que visa responder as demandas da vida
em sua concretude percebendo o indivíduo como parte de um todo tal qual serva,
a princípio, ao conjunto – dele se aprimore em extrair novos bens que possam novamente
atender ao conjunto. O enunciado pode sintetizar, de forma simplificada, a
conciliação entre as correntes. Um novo olhar sobre a realidade social amparado
em psicologias sociais arrefece o debate e impõe ao indivíduo a característica
de “sujeito do coletivo” – não ulteriormente metafísico, mas circunstancial,
inacabado e, concomitantemente, amplo.
O homem precisa
apenas ser persuadido de seus fins, uma vez feito – o como chegar torna-se
apenas um detalhe.
A controvérsia
entre as correstes chega a modernidade sem solução aparente ou satisfatórias
com os vários entendimentos de como deve ser a educação, de como deve ser o
homem, a quem deve servir; se a si – numa perspectiva metaforizada dos ensaios
educacionais), se a coletividade “entendido” numa proposta política cujo
momento o tronaria importante individualmente apesar de sua ação compreender-se
num contexto universalista, se a preceitos ulteriores além-túmulo quais
norteariam sua vida. Prova que não houve evolução sobre a questão está na
percepção de que a Educação é apenas um instrumento do Estado, de uma coligação
religiosa ou militar – infere-se que educar seja o esforço diário de guetos ou
nações para manter os seus dentro um molde, um arquétipo que se julga adequado
a posteridade. Isto é, exercícios reais para educação nestes 2500 anos de
história pouco existiram. O que ocorreram de fato foram rabiscos históricos de
poucos pensadores, implementações de um outro Estado (civil ou religioso)
cabendo a posteridade colorir estes rabiscos! É um pouco do que fazemos hoje e
sempre, nos enganar...
Controvérsia moderna entre a pedagogia da existência
e a pedagogia da essência
O dilema entre as correntes chega a modernidade sem solução
satisfatória para nenhum dos contendores quaisquer que seja seu nível de
comprometimento. O que sobra são os vários entendimentos e preceitos de a quem
e quais atores a educação deve servir e servir-se, de como deve ser o homem e para
qual esfera ou viés este deve preencher. Se a uma perspectiva metafisica (qual
não será mais a si), se a coletividade entendida numa proposta política, cujo
momento o tornaria importante individualmente, apesar de sua ação atender a um
contexto universalista e coletivista. Ou ainda a não elencada terceira via para
qual, hoje seria impensável, mas praticável que é a educação por exclusividade das
classes (qual, de certa maneira ocorre, com o alijamento de alunos pobres dos
grandes centros universitários por “n” razões.
Enfim, a educação,
em tempos atuais, nada mais é que um negócio bilionário! E o que irá definir a
formação de um ser para outro será sua bagagem, suas determinações pessoais,
seu meio e suas possibilidades de acessos. Na era da interatividade não a
modelo há seguir, apenas a busca de uma bolha de satisfação pautada em razões antípodas (ninguém é o que "é" por "ser" e por satisfação, mas "algo" para atendimento de uma demanda do mercado travestido num desejo ouropel).
Comentários
Postar um comentário