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Nada de novo embaixo do sol ★

As ciências sociais correm o risco de não serem "ciência" de fato, mas elucubrações positivas de pensamentos essencialistas (e em menor grau existencialista). O caso mais gritante é o da Psicologia.
Não se pode acreditar nos ramos psicológicos que vão para as ruas (saídas dos laboratórios) vendem suas bulas para futuras vidas perfeitas. Dizem conhecer melhor "viver" para determinados sujeitos (pacientes: objetos).
Se a ideia de homem é dada a partir do outro - implicitamente - está colocado que ser homem é uma pretensão; se a partir de si: (configura-se autoanálise) "se pretende" mais para o outro que "para si." O leão precisa dizer para si ou para o outro que é o leão? Nem o leão nem o homem diz o que são para si, porém impõem-se para o outro como tal obedecendo aos instintos de sobrevivência. Logo temos (em paralelo) espécies de homens que se fazem leões para os outros impondo sua visão de mundo, devorando e moldando homens.
A psicologia caminha por vias estabelecidas, quase um dogma. Não se pode crer que seja uma ciência. Sua abertura ao ocultismo, sua permissividade, sua insuficiência em não se estabelecer isenta de emoções essencialistas (inclusive seus agentes) lhe assegura seu caráter de (se ciência) ocultista. O termo "eidético" tem caminhos semânticos e quando ligado à psicologia aponta sua propensão ao misticismo.
Não podemos esperar (como Heidegger) que somente a emoção seja capaz de denunciar as estruturas da consciência, pois nossa necessidade quando denuncia algo a consciência não é meramente emotiva, no entanto em grau elevado numa necessidade racionalizada sub entendida nas relações sociais como aprendizado subjetivo. 
A emoção pode ser um esboço da consciência se não estiver na forja dos ritos sociais autômatos e pré-fabricados nos protocolos das classes dominantes, caso seja: não passa de mimeses arquitetadas na moral que tal grupo fundamentou como válido a sua manutenção. Então esta ciência não pode se servir das bases das emoções para construir seu objeto. Uma vez que estas reações emotivas são previsivelmente esperadas como emoções. Suponha um casamento consensual: servem-se emoções (positivas) em todos os gestos porque nada pode ser frígido nesse ambiente. Um casamento muçulmano: em sua maioria existe emoção (positiva) apenas de uma das partes, mas isso não impede que o consenso das famílias impetre o lugar de muita emoção vertida em alegria (para uns). Então a emoção pode apresentar-se também como um protocolo mimetizado nas práxis culturais de um povo. 
Se bem estuda poderíamos chegar a conclusão que emoção nada mais é que "uma ferramenta de conquista e conservação" de posições, ideários, ideologias, necessidades fisiológicas, troca, etc.,. 
Em outros termos a psicologia avessa-se a fenomenologia por pretender fazer (ela própria) a interpretação de fatos, assim como faz o homem que interpreta sonhos, o padre que impõe ao fiel as penitências por seus pecados. Destarte assume a postura de moderadora social numa tentativa esquálida e quase moral de imputar ao homem uma porta que um dia sonhou quando se sentiu ciência social.
Considerando que a realidade humana não seja a soma de fatos, nem suas bases éticas ou morais, mas a intensa e constante conturbação entre o certo e o errado nos cabe perguntar como deveria e o que deveria fazer uma ciência chamada psicologia. Como esta ciência deveria portar-se? Se não houver respostas é porque não possui lugar sério para esta, pois a sociologia, a antropologia, a psicanalise e a fenomenologia já cumprem seus papeis.
A conduta, respostas às causas, as intenções, as pretensões  a reação corporal, o senso de ralidade, a ausência do senso de realidade, nos colocam diante de uma realidade que convencionalmente nos conduz a sobrevivência. Não há lugar para as emoções em sobre posição a uma razão existencial. Logo não há espaço para uma ciência que se afirma nas interpretações das emoções.
Agenciam asserções aos analisados. Na verdade estes mais dependem do que foram ensinadas as crianças, porém negado a estes sujeitos que numa fase avançada da vida acumulam o excesso de não saberem o que são: se homem, se cidadão, se animal racional, se objeto de ciências - ou até - se investigadores do que não existe: a essência humana.
Psicologia ou psicologo inverte o valor de seu objeto e de seu dono a fim de lhe imputar sua práxis ou ainda a práxis que fomenta determinada escola psicológica  É um veículo em constante marcha ré histórica. Isso não contraria Sartre que afirma: "o psicologo não reconhece que a realidade, a emoção tem um caráter minha." Esse é o momento que o investigador pensa não fazer parte do investigado e jura não impor seus valores. É o andamento do bruto engano. Um passo para a prescrição de bulas de viveres - em consultas em nada úteis. Não de tudo maninha pela existência da troca de ideias (o que poderia ocorrer com qualquer outro agente social).
Se o "ser desse existente é meu" (Heidegger apud Sartre, p. 22¹) o psicologo defende as razões (ou emoções) do "meu ser", do "seu ser" ou de outro "ser?" Mais provável que defenda um "eu" institucionalizado escolasticado (um tanto teologicamente e filosoficamente instituído em nossas cabeças).
Mais uma vez... Se os fundamentos da psicologia são a intuspecção e o objeto reativo volta a nos dá motivo para aproximá-la de uma escola religiosa.
Não precisamos de um Ph D em psicologia para nos dizer que somos todos capazes de conquistar o que queremos desde que nos projetemos a isso. Não precisamos de doutos ou especialistas para nos mostrar caminhos a seguir. Nos bastaria uma educação mais humanizada e menos técnica ou competitiva. Parece-nos o Tecnicismo fez um mal irreversível à humanidade qual limitando as pessoas em análises dissecadas e improdutivas em seus fins. Vejam a "fé" divide-se a cada dia e em cada segmento encontram-se defensores. Em cada ramo a disputa pelo poder (implícita suas formas de sobrevivência e seus métodos mais suspeitos). Os laboratórios de homens estão reforçados em práticas comerciais de uma fé esdrúxula num social essencialista. 
O isolamento das emoções em blocos de acontecimentos e micro análises fundamentalistas a torna uma ciência mutante e presenteísta. Quase astrológica e tão redundante quanto. Não existem razões claras para enquadrá-la no ramo das ciências sociais. Talvez um consultório sentimental lhe fizesse nobremente suas vezes. Fato é que sua dependência ou proximidade com ideias ocultistas não nos permita tê-la nas raias das ciências dignas. Ou seja, se bebe de outras ciências para existir não deveríamos classificá-la como tal, mas no máximo em profissão sociológica e seus profissionais como profissionais de fé social .



Nota:
¹ SARTRE, Jean-Paul Sartre. Esboço para uma teoria das emoções. L&PM. Porto Alegre, RS. 2006

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