Não é segredo para ninguém a humanidade se considera "tal" por ter
abandonado sua condição animalesca e a partir dai moldado incontáveis modos de
convivências. De sistemas políticos a sistemas religiosos; não faltam sistemas dúbios, sem contudo, desvirtuar os seus fins: ostentação,
defesa ideológica, busca infrene de algum tipo de prazer (voluptuoso ou
fraternal, conquistador ou vingativo, de sobreposição ou anteposição), etc., Os
prazeres vertidos em ações têm por fim trazer recompensa aos sentidos. Tornam-se
buscas que encaminham subitamente as relações sociais a arquétipos cristalizados
de ordenação e hierarquização. Entre outros seus sustentáculos são os diversos tipos
de arte e força. O primeiro impele ao homem buscas por prazeres estéticos; o
segundo (a força) impõem-se ao homem pelo coletivo para o prazer de um grupo (veja o que dizem Durkheim e
Althusser - cada um com uma razão e fim).
Assombrosamente encontramos a unificação destes modelos
operando em um tipo de arte e concomitantemente ser mimese nas relações de
trabalho hoje e sempre. Do escravo das civilizações antigas ao operário do presente as técnicas para evitar sua
ascensão permanecem equivalentes.
Daqui nos ocorre a ideia de relacionar o trabalhador (do
operário ao diretor) com “plantas em bandeja” conforme indica a cultura
oriental: o bonsai.
Em equivalência ao empregado as técnicas de controle para que não evoluam se dão por economia de
nutrientes, limitação do espaço das raízes, poda e outros cuidados. Agora observe uma
família de baixa renda. Breve síntese explicativa para manutenção do status quo,
ou seja, algumas pessoas nascem para serem os bonsais, outras para podá-los,
controlar seu crescimento e racionar seu campo de atuação. Tudo isso com um
modelo simples de intervenção: “salário e centralização da renda”.
Mais humano seria lhes cortassem os testículos ou extirpassem seu útero para não
proliferar gente sedenta de emprego, de consumo desarvorado, de comida, gente
que serve de base para outros viverem bem... Saltariam os defensores dos
direitos humanos locados nas portas das cadeias quando isso fosse dado a um
marginal qualquer: “isso é desumano”! Responda: Quem é mais desumano com a massa? A Elite
ou os marginais? Sei que um nos assalta a mão armada e outro nos rouba com uma
mão em nosso ombro e outra em nosso bolso. Ao pobre faminto só resta o "prazer do sexo" e (consequentemente) fazer mais filhos para alimentar este sistema idiota esperando a enganosa ajuda dos céus.
Este escrito poderia ter diversos títulos: Profissional
manietado, p. explorado, p. mumificado, p. agrilhoado ou outros tantos, mas nenhum
deles sintetizaria tão bem a relação de trabalho hoje e sempre. Outro fato
aterrador é tal profissional estar ligado a uma estrutura de baixa
intelectualidade. Disso que não se perturbe a ideia do termo e da ação sobre a
arvorezinha se ligar diretamente as ações manifestas nas empresas e em órgãos públicos
quais as lideranças tendem e “devem” garantir a lucratividade seja como for. O
processo já naturalmente sistematizado impede que o pobre compreenda além do
que é oferecido. Por outro lado já disseram-lhe que se "fizer errado" (negar a superestrutura) pode sofrer
dos castigos divinos ou terrenos. O doce mal do homem.
Mas o sistema cresce e precisa de novos artesãos para dar
cabo da mega floresta de miniaturas humanas. Momento que se pode ver que o avanço de uns poucos não
significam crescimento do sujeito enquanto ser social se pensado em eugenia,
mas simples remanejamento para organização da produção. O Xadrez explica: nem
no tabuleiro nem na vida real ninguém se torna rei ou rainha (se sim vai sofrer
do passado), no entanto todos se sacrificam a seu serviço. A similaridade do
xadrez com a sociedade não é casual é reflexa e já não soa insólita, porém naturalmente
infundida pela ideologia do “conquiste você também”!
Partindo do modelo “faça
a sua parte “ além da paga obrigatória e moral as empresas urbanas promovem uma
sensação de bem estar entre os indivíduos para não permitir que morram de tédio. São os bônus legais, mimos e festejos.
A participação nos lucros e resultados (PLR) sempre ligada a metas inatingíveis
previamente estudadas dá o tom nas aberturas da reuniões administrativas do começo do ano, contudo a de fechamento (final do ano) é sempre plantada de que próximo ano será melhor... No auditório um grupo de bonsais indignados, outros não, ainda assim todos em silêncio para não perder o exíguo dinheiro do pão (o profissional aqui é símile daquele cão do desenho animado correndo atrás da linguiça levado por um carro).
Deste contexto surge a floresta dos “profissionais bonsais”.
Uma contradição: floresta não tem cuidadores ou
manipuladores, certo? Então a conclusão óbvia seja a de que excetuando-se os
donos do sistema todos os profissionais são bonsais em seus estágios
diferenciados de maturação.
Como disse há pouco são diversas as formas de cultivar este
sujeito, havia falado do modo sistematizado não de suas práxis por não haver
necessidade nem espaço para isso, todavia podemos apontar que a ferramenta mais
importante no cultivo do profissional bonsai: a "palavra". Com ela o sujeito
pode deixar de ser bonsai e passar a ser artesão sem deixar seu lado mesquinho de gente reduzida a uma circunstância, quero dizer, passar para a
diretoria: ser um grande bonsai. Aos velhos bonsais cabe estimularem aos
novatos serem grandes bonsais do futuro ou continuar pagando mal àquele que não
seja muito agradável a seus olhos. Os diretores bonsais estão satisfeitos,
viajam o mundo em suas férias e se sentem grandiosos exemplares de sua espécie.
Esse pedantismo quando aflorado é o instrumento técnico na
limitação dos bonsais egressos por idade ou por mudança de local (empresa).
Cito apenas um exemplo de soberba que se torna prova
incontestável quanto é manietado o profissional em qualquer empresa.
Dizia um grande bonsai a seu imediato:
- Solicitei um desconto na loja de lustres e só me deram $ 500 dinheiros de desconto. Pode? $ 500... Não dá nem para
jantar decentemente.
Nada de errado se o salário deste bonsai que vos fala não
fosse duas vezes $ 500 dinheiros, ou seja, se um grande bonsai paga $ 500 num jantar qual
é seu salário? Disse então que com seu jantar, mensalmente, é capaz de pagar os
salários de uma empresa com 15 bonsais. Uma pequena empresa. O que justifica
termos de aguentar essas afrontas? Ganhar o mínimo para sobreviver! O empegado deve sustentar sua "equilibrada família" com que o chefe gasta em dois jantares num restaurante esnobe. O que é o "justo social" além da fala melífica dos eternos candidatos? Aspirantes e aspiradores do bem público! Quem deu tanto direito ao homem anular o
outro como quiser? Se acreditares em Deus terá de admitir que deus é injusto, pois tudo é de seu consentimento, se acreditar no homem haverás de admitir que ele é uma farsa, pois faz de seus iguais mero instrumentos de sua volúpia.
A parte as razões originais da estrutura de corrupção e crenças o dito evidencia a disparidade salarial entre os
profissionais (além do que se vê nas ruas), isto é, os grandes bonsais amigos
do sistema põem em prática as ações que maninham os níveis subsequentes, apesar
disso não fogem dos estigmas pelos quais foram forjados. Raríssimas exceções escapam;
certeza é que por mais endinheirados que sejam os indivíduos não deixam de ser
um molde tosco do sistema, um bonsai em busca de prazer subjulgando e explorando
temendo ou se aliando a outras formas de domínio do próximo. Chamando tudo isso
de progresso (considero justo seu contrário por entender e abominar o que
defendem e claro encontrar o aniquilamento do outro sujeito). Tudo isso é apadrinhado pelo Estado que cria os modelos mais sutis de exação e pela mídia que todos os dias institui um super herói para ofuscar o desenvolvimento intelectual da massa, mas ainda tem um porém: talvez a massa não queira, talvez seja mais fácil ser um bonsai! Portanto... Está tudo resolvido e naturalizado. Em nenhum momento a sociedade deixou de ser estamental. Somente os tolos que satisfazem-se com as migalhas despendidas pela elite em formas disfarçadas de investimento dão-se por satisfeitos e vitoriosos pelo seu "bom emprego, seu apartamento e carro financiados até o final de suas vidas." Estes não se sentem mais os bonsais, são os parasitas do "sistema do salve-se como puder."
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