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Conto democrático

Não existe mais no Brasil - há algum tempo - ideologia partidária. 
As alianças feitas de norte a sul neste momento que antecede as eleições (municipais de 2012) mostram que os partidos não buscam vitórias nos pleitos eleitorais a fim de propor a população um modelo ideológico diferente de quem se lhe opõe. 
Que grande propósito justificaria a união de partidos ditos de direita e outros fingidos de esquerda numa disputa eletiva? Se não algo que não está claramente divulgado, uma vez que - já nas assembleias - até em projetos que beneficiam o povo votam contra alegando ideologia partidária. Então ela existe, mas quando convém...
Esse modelo esquisito de falta identidade dos partidos (qual poderíamos chamar de unipartidarismo estatal) é maléfico a pretensão democrática, pois torna as eleições no país um engodo generalizado ou como costumamos dizer: um feito "para inglês ver”. 
Enquanto isso a mídia escancara as relações insólitas entre dirigentes sindicais e patrões, empresários e políticos, contraventores e políticos, homicidas e políticos, religiosos e políticos, mentirosos e políticos (ops...), antigos grevistas e eternos direitistas da elite abraçam-se formam alianças como velhos amigos deixando para traz todas as ofensas públicas da disputa anterior qual não fora possível um acordo.  Muito estranho!
Fica claro que o unipartidarismo tem um fim que não é ideológico que não é partidário que não para o bem do povo, contudo dar-se no fortalecimento de grupos que se perpetuam no poder através de conchavos, no mínimo suspeitos, pois negam suas origens estatutárias (criados talvez diante de uma febre juvenil e abandonado diante das vantagens que dão os cargos públicos: seja enquanto honraria, seja na manipulação das finanças). O que ocorre de fato é a manutenção dos postos do poder, ou seja, a eleição é um instrumento estamental diferenciado alavancado num jogo de cena onde os atores (mal comparando atores a políticos não quero ofendê-los) se alternam de forma combinada.
A constância de velhos nomes oligárquicos e suas sórdidas passagens nos tribunais em caráter de prestação contas nada alteram suas carreiras políticas - continuam buscando o poder a qualquer custo e nos deixam claro com isso que seu objeto de desejo está além das vistas do povo que vive o ledo engano da democracia.

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