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Ensaio sobre a mesmice.


Reconhecendo abertamente que somos em dado momento apenas mimeses, plágios baratos, aos nossos predecessores e nosso pensamento pouco vai adiante do que alguns foram nota-se que não alargamos nem meio grau por século o circulo sobre conhecimento; a parte conhecimentos tecnológicos e bélicos; ah estes estamos sempre à frente do dia anterior...

Diante do emaranhado, circunstancial, convenientemente arranjando pela tecnologia  ou pelo belicismo das nações mais poderosas que não tardam em submeter outras em qualquer sentido lhe convenha. Em meio a tantos hipocrisias e protocolos boçais percebe-se que um ramo fomentador de cultura dentro da mesma cultura definhou há tempos em várias nações, ou seja, a "preocupação com a formalidade de sua Língua"; isso agora também é uma letra morta. Quais suas causas? O marketing? A gana capitalista da elite e dos novos burgueses que querem ficar ricos disfarçando o termo progresso em seu anelo de usura? A volúpia do consumidor que se abstém do conhecimento a fim de garantir novas aquisições no gozo consumista? Na fugacidade do presenteísmo, nos prazeres onanísticos que a TV vende? 
O certo é que as línguas estão moribundas em sua forma culta abrindo espaço para dialetos comerciais, manuais técnicos ou formatos descompromissados. Uma vez que as academias não são bem representadas o público pode se sentir órfão neste aspecto. Noutra ponta os grades enredos literários do presente dão conta de "mundos fantásticos" ou tratam o leitor como idiota fomentados por livros de autoajuda.

Não temos uma causa única para apontar e nem todas nos serve também, pois os motivos alegados são tão diversos quanto as causas iniciais - logo cairíamos em diálogos sesquipedais. 

Este cenário caótico fez desaparecer uma dicotomia própria de algumas culturas (suposta) altamente intelectualizadas, isto é, o padrão culto anteposto a um tipo direto de padrão vulgar. Diante da miscelânea cultural a que fomos abduzidos não temos mais uma noção clara do que seja culto ou do que seja vulgar em uma língua, uma vez que a mídia não tem o cuidado de fazer essa distinção e o telespectador, ouvinte ou leitor passam a viver naturalmente no limbo verborrágico sem ter entendimentos claros de outros planos mentais. 

O culto e vulgar se de deslocaram de suas posições originais; desse encontro sórdido promovido pela fé no capitalismo nasceu a cultura pós-moderna. Um espectro cultural entendido no seguinte silogismo: negar, negar e negar. Estranho? Não é um sorites, pois as premissas têm os sentidos idênticos? Fácil. A primeira premissa indica subverter os entendimentos éticos, a segunda desconstruir o que fora validado caso não seja rentável e por conclusão pormenorizar a razão do próximo caso altere a ordem do ganho; haja vista que a manutenção do poder perpassa o "negar" do exógeno para enaltecimento do que seja intrinsecamente avultado a um oligopólio, abandonemos a ideia de classes sociais, elas são uma farsa. Oligopólio é a síntese do egoísmo descrito por Thomas Hobbes tornado instituição em Adam Smith e garantido na ambição presente dicotomizado em classes sociais.

Nessa ambição com sabor de sadismo impede-se lobrigar o que é útil a vida das utilidades para a lubricidade. É neste espaço de tempo que o culto e vulgar se fundem, se perdem formam as mulas. Animal de raça hibrida e, principalmente, estéreis. Alguma coincidência com a sociedade ou em especial o terceiro sexo?  

Talvez a ambição não se sustente só, mas apoie-se nos estímulos emulativos impregnados na sociedade e com isso o "fim buscado" não é mais "ser" o que se "é", mas ser o vencedor de algo.

Na verdade não é difícil distinguir o culto do vulgar. O problema alocado nas sociedades do kismo é justamente a inversão desta proposta, isto é, o que é lúbrico torna-se culto pelo sabor imposto verticalmente  já pelos apoderados vulgares e o útil para a vida (que deveria ser validado sem caráter de dogma, é claro) torna-se vulgar por não haver referência e somente constar em espíritos insulados esmagados em algumas selvas de pedras ou em campos longínquos libertos da desfaçatez mecanicista das metrópoles. Tudo aqui vale para a antinomia ingenuidade pedantismo.

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