Esmava em monólogos após a
audição do que pensava ser convicção de ignorância...
Um interlocutor afirmara que
abandonara a possibilidade de exercer o direito ao voto por não mais confiar
nas promessas políticas, por não ver sentido na repetição das juras
eleitoreiras, por suspeitar da boa vontade desses indivíduos pançudos sedentários comedores
das ambrosias do Estado (nosso dinheiro). Novos políticos fabricados no novo
modelo de marketing. Já
sabemos: os políticos são produtos da mercadologia eleitoral explicada no
revés, no troco que empresas tão sórdidas quanto estes querem prover
após seu empossamento; agora querem mudar isso (Brasil), falam
de financiamento público de campanha, ou seja, querem que paguemos a
conta das eleições antes que ocorra. Estamos perdidos!
Dizia estar disposto a não mais
discutir política. Que se dará por satisfeito assistindo os programas boçais de
domingo e seus espetaculosos noticiários investigativos, seus furos de
reportagem sempre denunciando a podridão da política nacional,
é fantástico, é espetacular, mas entra ano sai ano as notícias (cenas) são
estas: O prefeito que roubou o dinheiro da alimentação escolar, uma mãe
semi-analfabeta indignada; vereadores que favoreceram empreiteiras em
licitações e contratações (dizendo: agimos de acordo com o regimento da casa);
um policial com um óculos escuro federal se sentindo o melhor por agir em favor
de seu país...; Governos de Estados que nada sabem quando seus indicados são
flagrados na esbórnia ou em conchavos de toda sorte (mensais e anuais: a grana
vai nas partes baixas), deputados que costuram "emendas" para seus
territórios a fim de furtar metade verba e finalmente os grandes mestres: os
senadores homens intocáveis, morubixabas, indestrutíveis diante de
qualquer escândalo, velhos caciques da política prontos ao nepotismo e
outros arranjos - nossa sorte: não são eternos, mas se repetem esse é o
problema, ai está nossa desdita: eles renascem.
Foi mais longe e disse que perdeu
as esperanças ao ler sobre Caio Graco sua intenção em democratizar e tornar
Roma mais igualitária com a reforma agrária e o fim que tomou diante da elite
da época. 2130 anos depois tal reforma ainda é premente em algumas partes do
mundo. O que mudou então?
Disse justamente quando ia
sugerir que saísse da inércia, não deixasse suas vontades em mãos alheias e que
o voto apesar de parecer inútil (unitário) se convergidos os ideais é uma das
ações humanas mais importantes para a construção de dias significativos para
todos.
Quiçá a única forma de convencer
meu interlocutor a mudar de ideia seria convidá-lo a promover uma ruptura
ideológica: gerar elementos que promovam uma revolta popular que garanta, no
mínimo, a devolução do montante roubado aos cofres públicos e em prisão dos
culpados quando não outras formas mais dramáticas que não convém escrever, olho
por olho dente por dente - lembra? Mas ele já sabe o que houve com vários
homens depois dos irmãos Graco, zumbi, Antonio Conselheiro, mas não há como ser
apolítico. Não há coma social depois que sabemos o que sabemos.
De alguma forma quase
desconstruiu o que entendo sobre a sociedade: a política, sincretismo, vícios
sociais, estereótipos, conceitos cristalizados na prática tornados preconceitos
validos, sobre a distinção de classes, o que difere um solstício do outro (sei
lá), seus antolhos, suas utopias mais febris ou a ausência delas, enfim, o
contexto de um povo, seu PIB e seus males. Mas não é justo a um individuo
pensante aceitar-se samicas - resignação é um elemento dogmático não cabe em
prismas filosóficos, sociológicos e, principalmente, socialistas.
Não é digno a um sujeito aceitar
que outro a trace seu destino (ou ajude) sem
consentimento prévio. O perfil do samicas, além de sua falta de atitude, é
apoiar-se em suas fraquezas para projetar-se superior àquele que pensa querer
subjugá-lo - quando na verdade só repete falas alheias, apotegmas ou formas
diversas de percepção, nem sempre própria.
Nossos sorites são falsos assim
como um esboço dos seus são impuros para quem pensa coletivamente. Não
compreender um silogismo é prenúncio de apego ao masdeísmo, isto é, deixa-se o lógico
apegando-se a conclusões sem premissas e condicionando-se a algum horizonte
simbolizados e limitados no próprio observador (só enxergo o que está em mim e
nada que está fora de minhas necessidades imediatas). Quando o
desapego heurístico é um mal do homem coletivo está dado
o autêntico homem sem ação.
Zeus nos dê fígado para
suportá-los! Os samicas e hipócritas embusteiros do erário. Quero um fígado
novo para cada dia assim poder tolerar a soberba dos prepotentes imorais (os
políticos) e a modorra mental dos amorais (a massa que não delira, só
obedece...).
Comentários
Postar um comentário