Muito se fala se choram sobre amores,
alguns enaltecem, outros lamentam; os românticos tomam como desculpa ou
mote para viver, já aos céticos amar é uma causa social internalizada
com nuanças peculiares a determinado grupo e para ele, isto é, amor é
uma das convenções sociais e o fato do sujeito sofrer por outro não vai além de
um desejo orgânico.
O que sabemos sobre ele? É um termo amplo
que abarca toda sentimentalidade de qualquer indivíduo e que dele todos
esperam... O amor de pai, amor de filho, amor de mulher, amor de homem,
amor de criança, mas tratemos do amor que envolve desejo: o “sexo.” Ou
simplesmente amor de um romance e sua mascara necessária (que poderíamos entender
amor ao sexo) figurado com desapego altruísta, uma etiqueta que não engana a carnadura
e desobedece a conceitos pré-estabilizados vertidos em casamentos para acasalamentos duradouros ou não.
Se pretendêssemos êxito neste escrito
deveríamos buscar de maneira adequada entender onde nasce o que chamamos de
amor, no entanto seguem sugestões que de longe figuram qualquer verdade, pois
para cada ser pensante existe uma.
Para os minimalistas: nasce de um gesto,
de um carinho, de um sorriso; para pessimistas: do desencontro, é mais que
indecisão é confusão; para quem não o conhece: do nada, do medo; aos
afortunados: da necessidade da multiplicação, o rico ama ao rico; quanto aos
que sabem querer amar: da afinidade; para quem tem medo de amar: amor é
carnadura e deve encerrar-se nela sem deixar vestígios: um orgasmo; já os
altruístas juram que o amor nasce do que é belo e dele a ponderação
tornando-se eterno, para estes amar é um dogma, negá-lo é estar condenado
a sofrer a infelicidade de sua falta, ou seja, o desamor é vida seca da
razão. Não podemos esquecer que a definição mais bela é a de Camões¹. Supondo
que desamor cause dependência, tristeza e uma certa alegria falsa baseada na
vontade da negação e se ao contrário culmina em males iguais, concluiríamos que
se vive dele ou morre-se por ele ou por sua ausência, então amor é mais caro
que masdeísmo por unificar várias verdades. Lembremos que dependência,
tristeza e alegria são sintomas de seu nascimento, nasce-se para isso, mas pode
torna-se água parada.
Imaginemos que essas maneiras de sentir
amor seja uma realidade e que vogue entre a maioria das pessoas ou ainda que
exista outro tipo de amor... E que cada sujeito defenda sua verdade sobre
seus termos e que cada "um" jure por amores sem hipocrisia. Talvez
tivéssemos menos desencontros.
Creio que amor (ou dor de amar) seja uma
necessidade protocolar da sociedade, uma vez que compreendemos o que está fora
de si deixamos de ser irracional e reconhecemos limites diversos nas relações
sociais (pelo castigo ou pela vergonha do castigo). A primeira compreensão
deste limite é racionalizada na necessidade da persuasão.
No exercício de persuasão o sujeito maquina
meios de sedução, sua inanição orgasmática o leva a sentir-se dependente,
triste e satisfeito. Está buscando aprovação, está vivo, quer fazer viver e
fazer nascer (reproduzir: derradeiro estágio do amor). Esse jogo deve seguir
regras pré-estabelecidas e montadas no presente e no passado para um futuro
saudável da sociedade, logo amor é um signo social aceito e exercitado com
prazer...
Não existe amor, existe sexo! Casais não
vivem bem sem sexo ou dinheiro (isso não é segredo, mas precisava escrever). O
que dizemos ser amor só tem vida a partir do “ato” invasivo e consentido,
também usado como espetáculo, mas é necessário transcendentaliza-lo para nos
diferenciarmos dos animais. Essa transcendentalização sublimada pelo artífice
poeta, este faz um jogo eufônico utópico aliado a nossa volúpia desemboca
novamente em nós gerando a vontade social e a vontade da garantia do
sexo, assim sintetizando todo desejo do organismo para um orgasmo coletivo
(casamento ou acasalamento, como queira).
Caso observemos quem não ligue para
poética também ame ou faça sexo haveríamos de intentar que amor seja uma reação
orgânica.
O que chamamos de amor é nada mais que uma
regra de convivência e racionalização. Por outro lado é um ato individual e de
extremo egoísmo jamais explicado, pois aponta proveito mutuo; temos dúvidas...
Mesmo distante de formularmos corretamente apontemos eternas indefinições sobre
o amor:
Para minimalistas: estado. Para os
pessimistas: odiado. Para os que sabem amar: desejado. Para quem não sabe amar:
renegado. Para os altruístas: simplesmente viver, viver a dor, viver o amor e
viver a dor do amor se ela vier... De tudo sabemos que amor é uma lógica
orgânica que corrói a razão, enquanto se sente: perturbação, enquanto longe:
desilusão, estando junto: tesão. Justo conjunto de contradições formando genes
e diferentes formas "de ser" e "de se entender a vida", o
mundo e o que tentamos amar...
Nota:
1 -Luís de Camões, poeta português, 1524-1580.
1 -Luís de Camões, poeta português, 1524-1580.
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