Imagine um tubo de ensaio. Elementos se misturando para formar
algo novo. Algo que fundamente novas ações em outros seres, experimentos que
determinam novas circunstâncias, ideias que curam - soluções para novas
soluções. Infusão. Imagine um coletivo, um tubo de ensaio não com uma só ideia
e um fim, mas milhares. Sujeitos querendo se misturar, querendo provar ao outro
que já sabem muito... Que suas ações são incríveis, que suas ações são antídotos
contra dores da alma porque em algum momento superou a todos em felicidade. Que
suas viagens foram as mais “mais”... Ideias não mais para cura, mas para
mostrar altivez. Um mundo a parte (de aparências). O coletivo é um tubo de
ensaio às avessas. Os sujeitos parecem querer provar a seu interlocutor que
deram certo de alguma forma, contudo só lhes contam em alto e bom tom suas
pseudo vantagens, conquistas, viagens, etc.,.
Ouvia coletivamente um diálogo desses. Dois advogados. Pareciam
querer vingar-se da regra culta de usual em sua profissão, abusavam das gírias
bairristas, monossilábicos, uma conversa viciada (só! E então? Só! Tá ligado
mano!?); se saíssem para a segunda sílaba diria que eram jogadores de futebol.
Essa tormenta obrigatória causou fadiga, mas é a rotina dos "tubos de
ensaio" sociais coletivos. Falar o que fez o que quer fazer, o que queria
ou deveria ter feito, e, alguns, o que outros fizeram. Por outro lado a falta
de zelo pela língua é uma instituição nacional. Posso falar dos noticiários sobre
enchentes qual os repórteres da TV alardeiam: a grande quantidade de
água, pleonasmos primários e um vício monótono do termo "ai"
importado das limitações verbais de alguns militares disseminado também entre
jogadores. Num canal a presenteadora (C. B.) fala claramente
"inrigular" em vez de irregular. Devo falar do acadêmico
"P. Coelho" que escreve suas frases fantásticas de autoajuda
voltadas ao sincretismo mais financeiro que religioso. A novela (símbolo
nacional - infelizmente) e seus atores e atrizes escorregando no uso da língua
a todo instante, mas como é na TV oficiosa ninguém se queixa - apenas as
sombras da sociedade.
Ensinam-nos a falar conforme seus conhecimentos. Do nosso modo de
falar e o que compreendemos dele podemos gerar (ou não) outras formas de
conhecimento, pois o pensamento que organiza a fala antepõe os limites do
diálogo mediante tom dado pelo extremo dialógico.
A fala é expressão do pensar em forma difusa e isso não nos
permite pensar que falar seja expressão pura do pensamento. Na fala encontramos
diversas classificações orientadas por lugares ou manuais: dialetos, culto,
vulgar, comercial, etc.,. Para que distinção se tudo que há entende-se
antepor-se ao expressar entrelaçado? Como nos provaram donos dos canudos acima.
O expressar não é “uno?”. Apesar de classificarem formas puras ou diferenciadas
para falar não temos possibilidade de encontrá-la sem vontade própria, nada
pode ser meramente por repetição como os veículos de massa estão propagando
involuntariamente, pois já não sabem mais como voltar - se desprenderam do fio
de Ariadne.
Aliais, repetição na sociedade é fato consumado. As pessoas se
sentem perdoadas de sua ignorância quando pratica algo para atender a moda na
fala ou em seus aspectos próprios (o geral da moda), se sentem felizes por
serem iguais, se limitam aos trejeitos das convenções inúteis para garantir a
permanência em determinado gueto, pois a moda é das formas de expressão do
pensamento a que mais indica características reais do individuo em seus limites
mentais. Usar terno não é sinônimo inteligência, não esqueça. Às vezes
recrimino a alguns desavisados que "linhas imaginárias políticas não
delimitam humanidades dos sujeitos" e tenho como respostas que sua
expressão preconceituosa é força do habito, isto é, faz-se por repetição sem
refletir sobre o feito independente deste (feito) nivelar outro "ser"
a condição de escória.
Dirão: Parece um psicólogo dando a bula em incertezas orais! Jamais seria.
Psicólogos não passam de padres sem batina, curandeiros modernos dos males
sociais - Prometeu moderno - diferem dos padres e seus
concorrentes que querem curar a alma alheia negando qualquer tipo de
conhecimento diverso da fé, lideres religiosos (de toda sorte) buscam todos os
tipos de conhecimentos e prazeres, pois sabem que não há céus. Só não afirmam
que tanto o céu como inferno são aqui. Prefiro o frade Pelágio ou Epicuro.
Este resumo indica que nossa expressão é uma síntese das
proposições que valorizamos ou, damos crédito, vivemo-las dia sim dia não, mas
por que o padre, o professor, o psicólogo, os advogados (até esses do
coletivo), etc.,. Por que estão sempre firme em suas asserções? Porque
antes de serem atores e cicerones sociais são profissionais da persuasão e como
qualquer outro precisa vender sua mão de obra, seu produto: sua fala, sua
imagem. Temos de parecer o que não somos para ser o que não gostaríamos de ser.
Deveríamos nos repensar.
Tudo está em "negócio" de expressar, não há encanto, não
há reflexão sobre a expressão, o falar comercial está apagando
a consciência do escorreito e dando lugar a fugacidade
duma comunicação onanística cujo prazer fica no sorriso plástico do agora.
Oi Humano crônico! Não tenho como elucidar seu questionamento no comentário sobre a postagem "Pedofilia não é crime", mas a minha opinião é que a sociedade parece pouco se importar com sentidos. Quanto a mim, vivo em busca de significados, respostas, sentido em tudo o que me rodeia. Obrigada pela visita ao meu blog e pela participação. Me sinto honrada em tê-lo como seguidor do blog. Seja bem-vindo! Seu blog é muitíssimo interessante!
ResponderExcluirObrigado Lilian!
ResponderExcluirSeu espaço (Blog) é bastante rico. Parabéns!