Perseguia na mente os sentidos dos sentidos: seus significados; o
sentido que damos ao que acreditamos fazer sentido, o que fazemos dele e o que
ele nos obriga a fazer.
O sentido tem coloração polissêmica, não tem forma, a forma dada
parte da subjetividade sendo assim é diferente da ordem subjetiva enquanto consciência
coletiva, geralmente, indutiva às realizações práticas diárias visando
consequências a longo prazo, isto é, são as velhas afirmações
hereditárias que parecem ter sentido. Em outras situações o sentido pode ser direção, satisfação,
lógica, definições que não conheço e a mais nobres de todas: os cinco sentidos.
Nem sempre lembramos que os temos, vivemos ocupados (ou condicionados). Talvez
tivéssemos mais cuidado se nos faltasse um deles.
Poderíamos classificá-lo com qualquer som que de algum modo se
colocasse como objetivo, direção, satisfação, etc.,. No entanto a semiologia
nos trouxe para este ruído que designa o sentido de "sentido."
O sentido só é entendido lógico quando edito ou reedito algo
consagrado, doutro modo (revolucionando) nada, a princípio, faz sentindo. Por
quê? Porque o novo desestabiliza a mente. Isso me dá garantias que imaginar-se
livre de algo é falso engano, pois não há formas de libertação sem luta externa
ou interna (assim nos ensinaram), sem fuga do condicionamento que não tarda
levá-lo a outra forma de condicionamento, mas uma vez liberto do elemento
aprisionador limitamo-nos a prisão do gozo da suposta liberdade ou desta
veleidade que é pura expressão dos sentidos definidos pelo meio. Disse algo
próximo de: a liberdade que anelamos é uma expressão biológica, nem tanto
social. Esta última é fantasiosa.
Como escrevinhei em outro momento nestas páginas: existe um
"gozo incontido na independência" que em minha tosca concepção
origina-se no campo psicossomático fundamentador dos cinco sentidos
alimentando-se de suas próprias projeções - condicionando formas peculiares de
percepção chamada realidade (quando dada) amparada em eternas ambiguidades, ou
seja, em toda espécie de real oferecido há polos negativos e positivos, um fio
de tensão. Um sim - um não. Disso só é possível uma expressão verdadeira (sobre
tal realidade) argumentos que não partam de sua essência, que sejam imparciais
e sem apelo emocional, emoção: elo do endógeno ao exógeno. A
imparcialidade é uma das formas mais dignas de liberdade, talvez a única porque
toda forma ou garantia de liberdade é condicional; a liberdade condicional de
um presidiário não difere de seu período anterior ao crime, nem da sua; os
sentidos são uniformes em si, porém sem forma na expressão, a correção ou falha
são condições sociais.
Os olhos só desejam o belo (que costuma ser novo); o tato pretende
o tépido; a audição busca concordância; o paladar o prazer, o olfato o que
convêm a todos. De qualquer modo estão comprometidos com o prazer mutuo que
venha gerar sensações de liberdade; abstrai-se que não fora nossa condição
política a fundamentadora da nossa busca eterna por independência, também se
pode dizer que liberdade é imanência orgânica e intrínseca em todos os
indivíduos - sendo um crime
contra a ordem humana (se é que ela existe) lançar mão de estratégias para
encaminha-la a algo que não realize plenamente seus sentidos.
O desejo dos sentidos é a liberdade (...).
Não se tira um mérito histórico, mas se reflete sobre. Em relação
aos sentidos e a liberdade supomos que ter bradado "liberdade, igualdade e
fraternidade" não é préstimo somente francês, sim sua coragem de
coletivizar o que está em nossos genes, aflorado em nossos sentidos e
carregando nosso imo; entende-se que você pode ser sua visão de mundo, suas
vontades, sua compreensão, mas só "é" enquanto compreendido numa ação
e só será visto ou existirá nela. Quis dizer: A liberdade está dentro de nós!
Não precisamos brigar por ela. Quando brigamos damos ao outra metade do poder
de decisão sobre nossos sentidos. Dedique-se a fundar o sentido de sua
liberdade. Ela é uma armadura irresistível forjada de força e beleza! Somente a liberdade faz sentido.
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