Na verdade o título deste texto deveria
ser "estamos fartos desses humoristas toscos que enchem as redes de TV
ultimamente, entre outros: Marcelo tas, Danilo Gentili, Rafael Bastos, ou os
grupos como Casseta & Planeta, Pânico¹ e mais alguns de menor
relevância para a massa bitolada". Mas isso dá um prefácio e não um
título. Dito isso assimilo (o que lhe pareça erro no título é proposital).
Se
tivesse tenção de comparar os humoristas da atualidade a geração que aos poucos
se afastam da cena pública repetiria o que está fazendo parte da mídia (escrita
e falada), isto é, daria um tom nostálgico à questão e limitaria a crítica à
perda do senso de ridículo de boa parte destas figuras.
O
problema deve ser visto por outro ângulo, ou seja, o ângulo da insistência e da
repetição dos vícios quanto aos elementos que perturbam (à surdina) a “razão”
da sociedade. Para explicar isso melhor recorro a Marx tomando a concepção que
nos deu sobre a repetição dos fatos - nesta corrige Hegel ao dizer que “os
grandes acontecimentos ocorrem duas vezes”. Marx² (p.19) indica ter faltado a Hegel dizer
que na primeira “ocorre como tragédia e na segunda como farsa”.
No primeiro caso a solução é dada por
elementos peculiares às circunstâncias. Imagine a necessidade que as antigas
monarquias tinham em ter o seu Bobo particular! No segundo, a farsa, é o
momento em que o fato se repete buscando atender em equivalência a tragédia.
Imagine a necessidade das sociedades modernas democratizarem o direito ao riso,
depois de séculos impedidos de enxergar prazeres na vida terrena obedecendo a
dogmas católicos!
Falando dos profissionais da corte
(enquanto tragédia), os Bobos que não eram tanto assim... Alguns pegavam até as
mulheres da realeza e às vezes chagavam a ter prestígio nacional por fazer com
maestria e sutileza o que nenhum outro cidadão (?) poderia fazer: criticar a
nobreza. Diferente, na atualidade temos a farsa, isto é, os humoristas bem
aventurados, transformados em produto de consumo (como todos os elementos da
TV) se esforçando para serem os melhores bufões possíveis - sustentados na
imposição da mídia em ter de oferecer algo lúdico e atrativo, não que isso
seja. A burguesia, os novos ricos que tomaram das monarquias todo poder de
manipulação das massas e enxergam em qualquer projeto - até os inúteis à sociedade
- a chance de faturar mais e tornar o patético lucrativo não desperdiçam está
oportunidade. Dito e feito: Estão aqui os bobos das cortes ideológicas - as
cortes televisas.
Se naquele período os truões viviam a
expensas da monarquia - em tempos presentes são reis com muitos súditos ou
seguidores, de qualquer forma uma legião de bobos da mídia. Algo inimaginável
antanho Charles Chaplin quem suponho ter aberto o caminho e despertado nestes
fanfarrões pseudocríticos se sentirem humoristas - outro fator importante é que
na TV custa menos ao bolso (do povo) que no teatro; como tudo tem efeito
colateral custa caro a mente. Os bobos de antes zombavam os tipos sem
discriminar o individuo (generalização do tipo), mas para isso é preciso
astúcia e inteligência, algo impraticável ou pouco compreensível
nestes fanfarrões que querem muito mais que favores de sua corte, querem
ficar ricos!
Mofar o político, o juiz que pilha os
cofres públicos, o policial que corrompe e outros que prevaricam não alteram em
nada as circunstâncias futuras destes sujeitos. Assim como o retumbar
dos sérios noticiários a equivalente noticia qual mais parecem shows de informes carregados de
peças de propagandas minuto a minuto, poderiam chamar-se jornal show... Nas novas cortes (canais de televisão)
onde são produtos e reis passam a desferi maledicências diversas numa
busca desesperada por picos de audiência, não raro conseguem, pois como são
produtos também são anunciados como tal em outras mídias - no entanto com o tom
de panaceia para curar mau humores bombardeando a mente dos ouvintes ou
leitores. Em pouco tempo já se ouvi das conversas em bares e ruas reproduções
das frases prontas repetidas mecanicamente pelo telespecto-consumidor.
Seria mais interessante se a elite
tivesse seu bobo particular, cada mansão o seu. Parte da falta de emprego
estaria resolvida aqui. Teríamos todos os bobos que buscam um empreguinho (na
TV e algumas centenas de dinheiros) bem colocados nos limites dos muros da
elite, pois como são hoje prestam um desserviço: fingem que zombam da política,
faturam e ajudam a manter o povo na ignorância pois não propõem nada
útil, mas uma fábrica de mimeses que tomam os diálogos em escolas, ruas,
transportes e até escritórios onde sujeitos longe do fenótipo de um adolescente
se aplicam a recontar o que assimilaram. A problemática seguinte será notar os
jovens projetarem uma carreira artística baseada nestes truões modernos; já
aconteceu?!
Não se pode isentar a massa da culpa de
tê-los fabricado ao longo dos tempos. Esse dado pode ser atribuído (no caso
brasileiro) a ausência duma educação comprometida com a causa humana, mas
sempre mercadológica, que insiste em deixar de lado os preceitos básicos de
respeito ao próximo, civilismo e entendimento político.
Respeito. Ponto chave nas relações
sociais, no entanto numa sociedade onde as autoridades (Estado) são incapazes
de praticá-lo torna-se tosco de nossa parte cobrá-lo de um produto midiático:
Um parvo moderno que é um ministro no novo modelo de corte, a Televisão.
O consumo inteligente de humor é possível,
desde que não seja por meio de figuras semelhantes a estas e se aproximem de
textos literários ou teatrais que buscam o verdadeiro caráter humorístico (como
objeto duma causa reflexiva e não de banalidades).
O padrão criticado mostra-se insuficiente
para causar “bom humor” numa pessoa normal, uma vez que precisa ferir ou
humilhar alguém. É imbecil, pois suas seus astros comportam-se como tal no
sentido estrito da palavra, isto é, um adulto portando-se uma criança. É
impróprio, pois age nos limites das massas e não provoca nessa nenhum
sentimento que não seja a dum espírito zombeteiro – algo como um poltergeister
coletivo – assombrando às avessas com força centrípeta.
Mantendo parte da população presa a
eventualidades seguem sorrisos fugazes nas bocas tortas e baldias. Por outro
lado esta é a lona que o Estado precisa para dignificar sua prosa, quero dizer:
paz e ninguém pensando, mas feliz não se sabe de que nem de quem... Em êxtase,
não se age, ri, o povo é o bobo da vez. É certo que os humoristas fingem a
atacar a quem não damos tanto crédito (políticos, cantores popularescos,
jogadores e tipos) fazendo com que alguns se sintam vingados, mas a vingança
justa seria na inexistência de alguns destes elementos através da redefinição de
utilidade cultural não, excessivamente, comercial.
Por conclusão não se deve defender o fim
dos humoristas, mas lembrar que esse modelo tacanho da TV é uma das peças de
agrilhoamento mental para algumas classes. Se a intenção é insultar para levar
o individuo a uma verdade que não é aquela qual ele está deveriam gozar do
cidadão que ganha “meio X” para sobreviver. Quem sabe zombá-lo não faria se
sentir um paspalho diante dos sujeitos da política, do judiciário e alta
patente das forças armadas que faturam 102 X mais por seu mês de trabalho (sem
contar benefícios e ardilezas), ou seja, ganha-se muito bem para se passar por
chefe de algo ou alguém. Mas rir dos poderosos de fato e mostrar a verdade ao
povo é perigoso! Então se esforçam ao máximo para serem assistidos e, nisto, em
fração de segundos plagiam Bocage, Dom Bibas, Mitton, Chaplin, etc.,. Passam
longe de ter alguma graça ou de imitá-los bem, pois são apenas caçadores
de recompensas.
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