A cultura vigente apresenta arquétipos que para a massa é
espectral, algo indesejável, indecifrável, também inalcançável até
para poucos que a desejam, uma vez que dela só possa usufruir um grupo seleto,
uma minoria nem por isso dileta.
Talvez essa minoria nem tenha grande prazer
nisto (se darem como vanguarda cultural da sociedade ou serem vistos assim),
mas naquilo que seja possível retirar de seus pares, ou seja, na fundação de
novos conchavos, na amostragem de suas aquisições e no que todos os
sujeitos buscam: reconhecimento e admiração. O ser vive para ser visto e o que
há diferente disso contamina seu imo desde que este indivíduo não seja um
anacoreta ou um sujeito solipso, fora estes elementos todos querem passar a
melhor imagem de si para outro. Assim é o mundo que se esforça para ser real. O
que poderia justificar esse desejo tosco no que ultrapassa a "vontade de
poder" ainda não compreendo, mas noto nas conversas que tenho com algumas
pessoas uma necessidade enorme que estas têm em colocar seu imo como base e
norte do assunto, não entendo...
O conjunto (conchavo, admiração, aquisição,
reconhecimento) são forças motrizes para a sustentação dos arranjos mercantis
em suas formas relativas e absolutas. É nisso que tudo dá.
Para conquistar reconhecimento e admiração, em
parte dos casos, os sujeitos passam a atender grupos dominantes dentro da
naturalidade imposta culturalmente, buscando equivaler-se, limitando-se as
circunstâncias até se sentir sobreposto ao seu estádio original que por
princípio da natureza humana (ou animal, não sei) tendemos a negar a todo
instante até se projetar um igual pelo grupo admirado. Vive-se para negar parte
do que alguém ou nós construímos - vanguarda é sinônimo de utopia.
Em vistas ao atendimento dos meios
de superveniência da cultura superior toda sociedade em seu
nefelibatismo é revestida de uma máscara poética (não menos patética) que se
passa por "Una".
Este efeito é propiciado pela grande mídia (principalmente a estatal)
que visa comunizar as relações - somente estas, já os ganhos "nem
tanto"; além disso, a prática nega este movimento de mundo harmônico, Uma parte
dos indivíduos estão presos a circunstâncias criadas pelo mercado e disso jamais
sairão, pois é o seu universo: ser instrumento das eventualidades.
Repito: o que tem forjado a realidade é uma
condição de imposição da felicidade através de fábricas de desejos
plantadas diuturnamente ou introjetados nos modos sociais como dogma.
Disso se percebe que temos um grande elenco pronto para atuar, ávidos atrás das
cortinas, outro grupo gigante promovendo a imbecilização (por já estar imbecilizado) e por fim os atores (sui generis) atuando suas peças mais
sórdidas e todo resto se deliciando (Estamos consumindo cultura!), isto é tudo!
Esta é a fôrma! As bestialidades enobrecidas e consumidas como ambrosia num teatro tacanho chamado sociedade capitalista.
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